O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, criticou a indústria de máquinas de cartão de crédito. Na segunda-feira 14, ele afirmou que o funcionamento do produto é um “modelo de negócios artificial”.
O comentário ocorre em meio ao debate sobre o fim do rotativo do cartão de crédito, proposto pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em conversa com senadores, na última semana.
Mesmo não tendo detalhes sobre a nova medida, o presidente do BC criticou o rotativo do cartão de crédito. “Se você tem um produto com inadimplência de 54%, você tem um problema no produto, porque não conheço nenhum outro país com uma inadimplência tão alta.”
Sidney afirmou que as “maquininhas” usam uma “distorção” no atual sistema para lucrar. O entendimento é que elas ficam com as receitas de juros, mas não com o risco de crédito. “Não alocam capital e ainda estimulam incentivos de financiamentos longos que só as beneficiam.”
Segundo ele, grande parcela das receitas das máquinas de cartão vem da antecipação dos recebíveis, uma vez que a empresa que concedeu o cartão é quem estabelece os juros, o limite e as condições do crédito rotativo. “E os lojistas pagam muito caro por isso”, disse Sidney. “Portanto, parece não haver dúvidas de que são as maquininhas, e não os bancos, que estão defendendo a preservação de um modelo de negócio.”
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O presidente da Febraban revela que os bancos estão engajados na discussão, mas que o fim do rotativo deve ser feito gradualmente de forma a reduzir o risco e, que consequentemente, levará a uma diminuição do custo e, portanto, à queda no preço do crédito oferecido ao consumidor. Campos Neto, por sua vez, afirmou que o BC já está fazendo várias políticas para “oferecer alternativas, mas também estamos fazendo um plano para não ter o rotativo”.
Em nota pública divulgada também na segunda-feira, o presidente da Febraban afirmou não haver pretensão de modificar o sistema de compras parceladas no cartão de crédito, mas implementar um novo modelo para o parcelamento, que considere o tipo de bem a ser adquirido.
Dentro deste contexto, os bens duráveis (como geladeira e fogão, por exemplo) poderiam ser parcelados em um prazo maior do que os não duráveis (alimentos e roupas, por exemplo). Com as taxas de crédito funcionando de acordo com prazo das operações — quanto maior o número de parcelas, maior o juro que seria pago pelo consumidor. O varejo e as companhias de máquinas de cartão, no entanto, se opõem à proposta.
Ministério da Fazenda “de olho” no debate entre a Febraban e as maquininhas de cartão de crédito
Na segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que não considera o fim do parcelamento sem juros uma saída para acabar com o rotativo do cartão de crédito. Ele ainda disse que pagamento parcelado é o padrão de compra do brasileiro.
O varejo argumenta que uma limitação no parcelamento sem juros poderia afetar o setor. Os bancos ponderam que acabar com o rotativo sem mexer em outras variáveis para reequilibrar o risco pode gerar um corte na concessão de cartões que também levaria a um impacto na economia.
“A gente deve ter nos próximos dias um formato mais definido”, afirmou Campos Neto. “Lembrando que é uma coisa que estamos fazendo junto com o Ministério da Fazenda, que tem feito um trabalho muito bom sobre o tema, junto com técnicos do Banco Central, com associações interessadas, e com bancos também.”
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Que tal o Presidente da Febraban dizer quanto é o juros do cheque especial (Que só os bancos possuem)…
Iguais ou piores que os cartões.