O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, saiu em defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação à desoneração na folha de apagamento. Nesta quinta-feira, 23, o chefe do Executivo vetou integralmente a proposta que prorrogava o benefício que, desde o ano passado, atendia os 17 setores que mais empregam no país.
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Mais do que apoiar o veto de Lula, Haddad revelou que ele foi um dos conselheiros do presidente da República para tal decisão. Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta sexta-feira, 24, em São Paulo, o homem forte da economia do governo petista afirmou que, ao lado de outros ministros, recomendou o fim da desoneração — ação que vai contra o que foi aprovado pelo Congresso Nacional em outubro.
De acordo com Haddad, a prorrogação da desoneração em folha prejudicaria a arrecadação dos órgãos públicos. Nesse sentido, afirmou que os outros níveis do Poder Executivo também seriam impactados negativamente. “Quando a União deixa de arrecadar, caem os repasses aos Estados e municípios.”
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Ainda na coletiva de imprensa, o ministro da Fazenda criticou algumas medidas adotadas pela gestão anterior. Para ele, o desconto do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que vigorou a partir de decisão do então presidente Jair Bolsonaro, foi ato de “populismo”. “Provocou rombo nos cofres dos Estados”, disse Haddad. Além disso, ele declarou que outras ações de desoneração serão analisadas pelo governo Lula em 2024.
Haddad ainda afirmou que a desoneração em folha não foi responsável por aquecer o mercado de trabalho. Para ele, a medida “não trouxe benefício nenhum”. Ao ser questionado, ele revelou a fonte para tal afirmação de forma genérica: “Tem vários estudos na internet”.
Fim da desoneração em folha: parlamentares e setor produtivo divergem de Lula e Haddad
Membros do Poder Legislativo e representantes do setor produtivo discordam da análise de Fernando Haddad e, consequentemente, do presidente Lula em relação à desoneração na folha de pagamento.
Autor do projeto de lei que prorrogaria a desoneração até 2027, o senador Efraim Filho (União-PB), entendeu que a decisão pelo veto — o que acabou ocorrendo — representaria “erro estratégico político“.
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O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, também se posicionou de forma contrária ao veto de Lula. Conforme o site do Canal Rural, ele afirmou que a decisão do petista pode provocar demissão em massa no país.
“Essa política gerou empregos e continuará a gerar, especialmente nas cidades do interior e em várias cidades”, disse Santin. “São 17 setores que são os mais empregadores, desde telecomunicações, frigorífico, calçados, transportes, estão no dia a dia do brasileiro, gerando mais de 9 milhões de empregos.”
Além da parte de proteína animal, segmento em que a ABPA atua, a desoneração em folha beneficiava — até o veto de Lula — os seguintes setores da economia brasileira:
- calçados;
- call center (atendimento);
- comunicação
- construção civil;
- confecção e vestuário;
- couro;
- empresas de construção e obras de infraestrutura;
- fabricação de veículos e carrocerias;
- máquinas e equipamentos;
- projetos de circuitos integrados;
- tecnologia da comunicação;
- tecnologia da informação;
- têxtil;
- transportes metroferroviários de passageiros;
- transporte rodoviário coletivo; e
- transporte rodoviário de cargas.
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Srs. Deputados : DERRUBEM O VETO !
Pela foto, parece que o Haddad conseguiu atingir a meta do Sono Zero.