Levantamento: correção da tabela do IR isentaria 14 milhões de contribuintes

Um levantamento da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco) mostra uma defasagem superior a 130% na tabela do Imposto de Renda (IR) e, se fosse corrigida pelo índice oficial da inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ao menos 13,8 milhões de contribuintes ficariam isentos do tributo.

+ Leia as últimas notícias de Economia no site da Revista Oeste.

A tabela do IR não é corrigida desde 2015 (quando foi parcialmente atualizada) e a isenção vale apenas para quem ganha até R$ 2.112. Se houvesse a correção sugerida pela Unafisco, a isenção atingiria rendas de até R$ 4.934 mensais.

De acordo com estudo da associação de auditores, a defasagem para a menor faixa é de 133% e chega a 159% para as faixas superiores de renda.

Lula fez ‘modificação tímida’ na tabela do IR, diz presidente da associação 

O presidente da Unafisco, Mauro Silva, lembrou que neste ano, depois de ser cobrado para cumprir a promessa de campanha de isentar todos os contribuintes com renda de até R$ 5 mil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma “modificação tímida” na tabela do IR. A única alteração foi ampliar o limite de isenção de R$ 1.903 para R$ 2.112.

“Muito tímida a mudança, confirmando mais um ano de injustiça fiscal para a classe média assalariada, que está suportando um ônus muito grande ao passo que os mais ricos estão bem aliviados”, declarou Silva à Jovem Pan. “Há uma defasagem muito grande.”

+ 16,9 milhões de brasileiros pagam Imposto de Renda por defasagem na tabela, diz Sindifisco

A correção da tabela significaria para o contribuinte deixar de pagar R$ 204 bilhões em impostos, o que seria positivo para a economia, segundo Mauro Silva. “É um valor bastante significativo, que certamente estaria indo para a economia, e os mais ricos teriam que pagar mais imposto para compensar a diferença”, avaliou.

O governo, no entanto, que se recusa a cortar gastos públicos, não pretende renunciar a qualquer receita, ainda mais com o risco de não zerar o déficit fiscal no ano que vem.

Em agosto, Lula sancionou uma lei que ampliou a faixa de isenção da tabela do imposto de renda da pessoa física até o valor bruto de R$ 2.640, quando o desconto simplificado for superior às deduções permitidas, o que passa bem longe da promessa de campanha de isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil.