As empresas brasileiras de varejo perderam aproximadamente R$ 340 bilhões de valor de mercado entre 2021 e 2022. As cifras equivalem ao Produto Interno Bruto (PIB) do Uruguai — R$ 295 bilhões. Esse cenário desfavorável impacta principalmente o consumo das famílias, que responde por 60% do PIB do Brasil.
A inflação (4,65%), o endividamento, a perda de renda e a baixa geração de empregos contribuem para o mau desempenho. Há ainda o juro básico, fixado atualmente em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
As perdas dos últimos anos suplantam os ganhos recentes. Em janeiro deste ano, por exemplo, as vendas do comércio varejista cresceram 3,8% — recorde para o mês em toda a série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesse caso, o melhor resultado desde 2000. Na comparação com janeiro do ano passado, a alta é de 2,6%.
Para além do Uruguai
A Americanas está no topo da lista das empresas varejistas em crise. Em recuperação judicial desde o início do ano e com dívidas de R$ 42,5 bilhões, a companhia viu suas ações caírem mais de 98% em dois anos. Mobly (-91,6%), Westwing (-87,3%), Marisa (-87,2%), Via (-84,4%) e Magazine Luiza (83,3%) também compõem a lista.
A Marisa, que encerrou o ano passado com dívidas superiores a R$ 560 milhões, informou que “os resultados do plano de reestruturação da companhia já em curso deverão ajudar a destravar” suas ações no mercado.