O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Roberto Mateus Ordine, fez um alerta. Ao conceder entrevista à edição desta quinta-feira, 10, do programa Oeste Sem Filtro, ele afirmou que, da forma com a qual avançou na Câmara dos Deputados, a reforma tributária proposta pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem o risco de ser prejudicial àqueles que mais empregam no país: as pequenas e médias empresas, sobretudo as que integram o sistema do Simples Nacional.
Ordine ressaltou que muitos pontos referentes à reforma tributária ainda estão “nebulosos”. Nesse sentido, afirmou que, dependendo do segmento, o pequeno e médio empresário vai ter de arcar com diferentes tipos de tributos pelo decorrer dos próximos dez anos. Além disso, avisou que, do jeito que está, a proposta deverá elevar a carga de diversos negócios. Na área de serviços, por exemplo, ele menciona que o aumento da alíquota pode ser de até 26%.
Na entrevista, o presidente da ACSP externou um temor em relação ao mercado de trabalho no país. Conforme explicou, a reforma tributária poderá — em vez de ajudar — prejudicar a geração de negócios.
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“Há cerca de 9 milhões de empresas no Simples Nacional”, disse Ordine. Nesse sentido, o presidente da ACSP afirmou que, na média, cada empresa inserida no sistema emprega cinco pessoas. “Ou seja, são mais de 40 milhões de empregos expostos. A situação é muito dramática.”
Reforma tributária: presidente da ACSP vai se reunir com Pacheco
Ordine aproveitou a entrevista ao Oeste Sem Filtro para sinalizar o “susto” pela forma, sem maiores discussões técnicas a respeito do tema, com a qual a reforma tributária avançou na Câmara dos Deputados. Ele disse, inclusive, que o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), havia dito que não “correria” com o projeto.
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O presidente da ACSP, no entanto, espera que o Senado tome atitude diferente. Para ele, o Congresso tem o dever de analisar a proposta com calma e, sobretudo, pensar em formas de não prejudicar as empresas que estão no Simples Nacional. Nesse ponto, demonstra animação, uma vez que irá se reunir com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), na próxima semana.
“Espero que o Congresso tenha bom senso”, disse Ordine. “Do jeito que está, a reforma virou uma colcha de retalhos — e que se tornou de difícil solução.”
Na entrevista, Ordine respondeu a perguntas do apresentador Vitor Brown e dos comentaristas Adalberto Piotto, Rodrigo Constantino e Silvio Navarro. O Oeste Sem Filtro vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 17h45 às 19h30.
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Era menos ruim deixar como era, toda reforma tributária é feita no sentido de mais dinheiro na mão dos políticos e menos para o povo.