Um tribunal de Hong Kong ordenou, nesta segunda-feira, 29, a liquidação do gigante da área imobiliária chinesa Evergrande. A decisão judicial ocorre depois de a empresa não conseguir planejar sua reestruturação e nem pagar suas dívidas.
A juíza Linda Chan decidiu liquidar a incorporadora mais endividada do mundo, com mais de US$ 300 bilhões em passivos totais. A Evergrande não conseguiu apresentar um plano concreto de reestruturação, dois anos depois de dar default (calote) em sua dívida externa e de várias audiências judiciais.
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“É hora de o tribunal dizer que já basta”, afirmou a juíza, em trecho de sua decisão.
Linda nomeou a assessoria de empresas Alvarez & Marsal como a liquidante dos ativos da empresa chinesa, para pagar suas dívidas.
Conforme a juíza de Hong Kong, a nomeação estaria no interesse de todos os credores. Isso porque a Alvarez & Marsal pode realizar um novo plano de reestruturação para a Evergrande em um momento em o presidente da imobiliária, Hui Ka Yan, está sob investigação.
A decisão de liquidação dos ativos da incorporadora cria mais incerteza para os frágeis mercados de capitais e imobiliário da China. Ao menos é o que acreditam dois integrantes do mercado financeiro.
“Não é o fim, mas o início do prolongado processo de liquidação, o que tornará as operações diárias da Evergrande ainda mais difíceis”, disse Gary Ng, economista sênior da Natixis, empresa de serviços financeiros. “Como a maioria dos ativos da Evergrande está na China continental, há incertezas sobre como os credores podem apreender os ativos e o ranking de reembolso dos detentores de títulos offshore e a situação pode ser ainda pior para os acionistas.”
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Economia chinesa sofre por instável setor imobiliário
A economia de Pequim está tendo um desempenho insatisfatório, com seu pior mercado imobiliário em nove anos. Além disso, há de se encarar um mercado de ações próximo a mínimas de cinco anos.
As ações da Evergrande caíram cerca de 20% antes da audiência. A negociação dos papéis do grupo e suas subsidiárias listadas foram suspensas, depois do veredito.
Além disso, a Evergrande estava trabalhando em um plano de reestruturação de dívidas de US$ 23 bilhões com um grupo de credores por quase dois anos.
No entanto, a incorporadora poderia recorrer da liquidação, mas o processo deve seguir enquanto a empresa aguardaria o resultado do recurso.
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“Não estamos surpresos com o resultado e é um produto do fracasso da empresa em se engajar com o grupo de credores”, disse Fergus Saurin, sócio da Kirkland & Ellis, que aconselhou os detentores de títulos offshore. “Houve um histórico de engajamento de última hora que não deu em nada. E, nas circunstâncias, a empresa só tem a si mesma para culpar por ser liquidada.”
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