A venda de veículos novos no primeiro trimestre deste ano registrou queda de 23%, o pior resultado desde 2005. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 5, pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave). Segundo a entidade, um dos principais fatores para esse fraco desempenho foi o surgimento da variante Ômicron na pandemia da covid, que afetou a produção de diversos componentes eletrônicos na indústria. A Mercedes-Benz, por exemplo, anunciou 15 dias de férias coletivas para 5,6 mil funcionários em suas unidades de São Paulo e Minas Gerais, onde fabrica ônibus e caminhões, por causa do problema da falta de peças.
Ainda são citados o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que abalou o mercado mundial do petróleo e elevou os preços dos combustíveis; e as sucessivas altas dos juros internos, com a consequente subida nas taxas de financiamento.
Tudo isso somado influiu na decisão de compra por parte dos consumidores e gerou reflexos negativos no desempenho do setor. Nem mesmo a redução de 18,5% no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre automóveis, decretada pelo governo federal no fim de fevereiro, conseguiu compensar a pressão altista que se abateu no mercado.
Queda maior nos veículos importados
O impacto maior foi sentido no segmento de automóveis, com queda de 25% no trimestre. Em direção oposta, os números relativos aos caminhões apontam crescimento de quase 4%. Segundo os revendedores, esse aquecimento se explica pelo impulso originário do agronegócio.
A redução das vendas foi ainda maior entre os carros importados, sem fábrica no Brasil, mesmo com a desvalorização do dólar no período. Segundo a associação que representa essas marcas, a queda registrada nesse grupo de empresas passou de 35%.
O resultado de março, tomado isoladamente, também foi fraco, com retração de mais de 22% no licenciamento de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus, em relação ao mesmo mês do ano passado. Houve crescimento de 11% sobre fevereiro, resultado em parte devido ao maior número de dias de venda no mês. Acreditando que essa seja uma tendência, a Fenabrave prevê para 2022 crescimento acima de 4% nas vendas de carros e comerciais leves, superando 2 milhões de unidades.
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