Quando os soldados de uma brigada de elite do Exército da Rússia foram instruídos no início de abril a se preparar para uma segunda missão na Ucrânia, o medo irrompeu nas fileiras.
A unidade, estacionada no extremo leste russo, entrou pela primeira vez em território ucraniano em 24 de fevereiro, quando o conflito teve início. Um violento combate com as tropas rivais deixou inúmeras marcas nas memórias dos militares comandados pelo presidente Vladimir Putin.
“Logo ficou claro que nem todos estavam de acordo com isso”, disse Dimitri, integrante da unidade, em entrevista ao The Guardian. “Quero voltar para a minha família — mas não em um caixão.”
Na companhia de oito militares, Dimitri disse ter se recusado a participar da segunda invasão. “Eles ficaram furiosos. Mas acabaram se acalmando, porque não havia muito que pudessem fazer”, revelou.
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Ele acabou transferido para Belgorod, uma cidade perto da fronteira com a Ucrânia. “Servi por cinco anos no Exército”, afirmou. “Meu contrato termina em junho. Vou cumprir o tempo restante e, depois, estou fora. Não tenho motivos para me envergonhar. Não estamos oficialmente em estado de guerra; então, ninguém poderia me obrigar a fazer nada.”
Segundo as regras militares russas, os soldados que se recusaram a participar da invasão podem ser demitidos, mas não processados, explica Mikhail Benyash, advogado que os aconselha nesse imbróglio. Ele diz ainda que centenas de militares entraram em contato com sua equipe para obter conselhos.
“Os comandantes tentam ameaçar os soldados de prisão, mas dizemos que os militares podem simplesmente dizer não”, ressalta Benyash. “Muitos optaram por ser demitidos ou transferidos. Mas não entraram em um moedor de carne.”
Embora o número de soldados que se recusam a lutar ainda não esteja claro, essa história ilustra o que os especialistas militares dizem ser um dos maiores obstáculos da Rússia na Ucrânia: a escassez de soldados de infantaria.
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O Kremlin mobilizou 80% de suas principais forças de combate terrestre — 15 mil homens — para invadir o país vizinho. Mas esses militares sofreram com situações inesperadas, como os problemas logísticos e a resistência ucraniana.
Leia mais: “Rússia X Ucrânia – De que lado você está?”, artigo de Dagomir Marquezi publicado na Edição 97 da Revista Oeste
Desde o início a imprensa em geral desconsidera o fato de que grande parte da população em Kiev é de origem russa. Sendo assim, até Putin não quis destruir a capital como os americanos desejavam para arrumar uma desculpa. A destruição chegou aonde não existem russos, como Maripuol. Acho que a maioria não considerou as tendências étnicas de várias regiões da Ucrânia que vem se degladiando faz muito tempo. Zelinski sabendo disto, ou seja, sabe que o Ocidente não sabe construiu uma narrativa bem interessante para ele. É uma pena que, como aqui no Brasil, as narrativas de quem está no comando do sistema convencem muita gente que não conhece a história e cultura daquela imensa região e o porque das divisões territoriais foram sempre com violência.
A guerra é uma das maldições da humanidade.
Está totalmente enganado… Em Kyiv a percentagem de Ucranianos étnicos é de 82% enquanto que em Mariupol é de cerca de 48%…
Foram 150.000 soldados, segundo os noticiários. Estranho um soldado poder se recusar a lutar. Ainda mais na Rússia, sempre uma ditadura sanguinária , onde o número dos seus próprios mortos em guerra é somente um dado estatístico ( vide Stálin).