Autoridades da Grécia abandonaram 12 imigrantes africanos ilegais em alto-mar, em botes salva-vidas. Vídeos divulgados pelo jornal The New York Times nesta sexta-feira, 19, mostram integrantes do governo transferindo os imigrantes de uma van branca para uma lancha na ponta sul de Lesbos, ilha leste do Mar Egeu.
As cenas ocorreram em 12 de abril. Na embarcação, dois homens com o rosto coberto por máscara receberam os imigrantes e os levaram até o Navio 617, da Guarda Costeira.
A embarcação partiu rumo à Turquia e chegou ao limite das águas gregas, onde os imigrantes foram empurrados para um bote salva-vidas preto. O jornal norte-americano entrou em contato com 11 imigrantes da Somália, da Eritreia e da Etiópia, que estavam no centro de detenção em Izmir, na costa turca, e confirmaram o que as filmagens mostram.
O que diz o governo da Grécia?
O New York Times informou que os imigrantes relataram o que ocorreu naquele dia antes mesmo de ver o material gravado. Aden e seu bebê, Awale, estavam entre os imigrantes. Ela disse ao jornal que foi capturada por homens mascarados um dia depois de chegar a Lesbos, em um bote de contrabandistas, e passar a noite escondida no mato. Outros alvos são Mahdi, 25 anos, e Miliyen, 33 anos. Eles estavam escondidos num matagal.
A Guarda Costeira da Turquia informou ao jornal que resgatou “12 imigrantes em situação irregular no bote salva-vidas empurrado de volta para as águas territoriais turcas por ativos gregos”. O governo turco divulgou vídeos que mostram os mesmos imigrantes chegando ao Porto de Dikili. Todos estavam na Turquia há pelo menos um ano, enquanto juntavam dinheiro para pagar a ida até a Europa.
Os imigrantes relataram que, durante a captura, tiveram seus pertences retirados. Milieyn não sabe se conseguirá contato com a mãe, visto que o número de telefone do vizinho que cuidava dela na Somália estava no celular recolhido pelas autoridades gregas.
Segundo a agência de notícias Frontex, o número de entradas irregulares em países membros da União Europeia em 2022 aumentou 64%, em relação ao ano anterior, e chegou ao nível mais alto desde 2016 (500 mil). Segundo o órgão, foram registradas 330 mil entradas em condições ilegais no ano passado.
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É duro? É. O imigrante ilegal é uma vítima do governo do seu país de origem. O governo de um país, nem sempre representa a vontade de seu povo. A miséria se instala, a insegurança, a perseguição… Muitos não conseguem sobreviver, alguns são mortos pelo regime, outros são presos, ninguém é assistido pelo governo. O desespero é tanto, que as pessoas se lançam em uma aventura que normalmente termina em tragédia. Entre o eterno inferno no país de origem e a possibilidade, ainda que remota, de uma vida decente, ou um fim do inferno em que viviam, eles muitas vezes encontram a morte que acaba com sua infelicidade. Estou exagerando? Veremos.