Um avião da Spirit Airlines foi atingido por tiros enquanto sobrevoava a capital do Haiti, Porto Príncipe, nesta segunda-feira, 11. O principal aeroporto do país, o Aeroporto Internacional Toussaint Louverture, suspendeu temporariamente suas operações.
O voo partiu de Fort Lauderdale, Flórida, e estava programado para aterrissar em Porto Príncipe, mas foi desviado e pousou com segurança em Santiago, República Dominicana, segundo a emissora CNN.
“Não foram relatados ferimentos entre os passageiros”, afirmou o porta-voz da Spirit Airlines. O profissional da companhia aérea norte-americana ressaltou que a aeronave foi retirada de serviço. De acordo com ele, a empresa suspendeu o serviço em Porto Príncipe “até nova avaliação”.
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O voo da Spirit Airlines desceu a uma altitude de 168 metros sobre o bairro de Tabarre, em Porto Príncipe, a leste do Aeroporto Internacional Toussaint Louverture, antes de subir rapidamente e passar sobre a pista, de acordo com dados da plataforma de monitoramento FlightRadar24.
Outras companhias aéreas suspenderam voos para o Haiti depois da notícia. A JetBlue cancelou voos na tarde desta segunda-feira até quinta-feira 14. A American Airlines, por sua vez, suspendeu o serviço entre o Aeroporto Internacional de Miami e o Aeroporto Internacional Toussaint Louverture também até quinta-feira. A Sunrise Airways, companhia haitiana, informou que suspendeu seus voos por tempo indeterminado.
No mês passado, um helicóptero das Nações Unidas (ONU) também foi atingido por tiros enquanto sobrevoava Porto Príncipe. Em outro incidente, gangues atacaram veículos da Embaixada dos EUA a tiros, o que resultou na evacuação de 20 funcionários do local. No fim de fevereiro, ataques de gangues no aeroporto forçaram as companhias aéreas a suspenderem voos para o Aeroporto Toussaint Louverture por semanas.
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Atuação de gangues transforma situação do Haiti em “catastrófica”
A onda de violência no Haiti já vitimou mais de 1,5 mil pessoas desde o começo de 2024. Os casos envolvem mortes causadas por linchamento, apedrejamento e queimaduras. Os dados foram divulgados em um relatório publicado em março deste ano pelo escritório de direitos humanos da ONU.
O documento diz que “fatores estruturais e conjunturais levaram o Haiti a uma situação catastrófica, caracterizada por uma profunda instabilidade política e instituições extremamente frágeis”. O país já lutava contra uma crise política e de segurança pública, contudo, a situação tem piorado nos últimos tempos.
No começo daquele mês, gangues uniram forças para atacar locais estratégicos da capital, Porto Príncipe, sob a alegação de que o movimento tinha a renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry como objetivo. Desde então, delegacias de polícia, o Banco Central haitiano, o porto e o aeroporto internacional foram atacados por criminosos. Henry anunciou sua saída do cargo no dia 11 de março, mas os ataques não se encerraram.
O relatório registra um total de 4,4 mil mortes no ano passado e 1,5 mil até 22 de março deste ano. Algumas pessoas foram mortas em casa como retaliação ao suposto apoio à polícia ou a gangues rivais. Outras foram mortas em tiroteios na rua, conforme mostrado pela ONU. Entre as vítimas, havia um bebê de apenas 3 meses.
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