Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, descobriram que a cepa HSV-1 do vírus do herpes labial se espalhou pelo mundo devido à prática humana de trocar beijos durante a Idade do Bronze (entre 3300 a.C. e 1200 a.C.)
A descoberta foi por acaso. Em 2016, os cientistas estavam na missão de encontrar a bactéria Y. pestis, causadora da peste negra, em um dente de 600 anos guardado em um hospital na cidade de Cambridheshire. No entanto, durante análise do material, o grupo deparou com as sequências genéticas do vírus do herpes.
Depois da descoberta “acidental”, os pesquisadores foram em busca de amostras de raízes de dentes de quatro indivíduos. Depois da análise dos vestígios, a equipe publicou um estudo na revista científica Science Advances. Na pesquisa, eles concluíram que a cepa HSV-1 surgiu durante as grandes migrações de humanos entre os continentes da Ásia para a Europa, há cerca de 5 mil anos.
Segundo os cientistas de Cambridge, as taxas de transmissão pelo vírus aumentaram devido à crescente prática do beijo romântico, inventado há cerca de 3 mil anos na Índia e que, mais tarde, foi adotado pelos europeus durante as campanhas militares do imperador Alexandre, o Grande, ao longo do século 4.
“Todas as espécies de primatas têm algum tipo de herpes, então assumimos que está conosco desde que nossa própria espécie deixou a África”, afirma Christiana Scheib, pesquisadora que coordenou os estudos. “No entanto, algo aconteceu cerca de 5 mil anos atrás que permitiu que uma cepa de herpes prevalecesse sobre todas as outras, possivelmente um aumento nas transmissões, o que poderia estar relacionado ao beijo.”
Os pesquisadores também acrescentaram na pesquisa o registro mais antigo sobre a proibição do beijo, o que eles acreditam estar ligado à tentativa de diminuir a propagação do herpes. O manuscrito foi redigido durante o império de Tibério (14 d.C.–37 d.C.).
Milhares de anos depois, o beijo continua sendo a forma mais comum de transmissão do vírus. Atualmente, quase 4 bilhões de pessoas estão infectadas com herpes labial em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).