O que acontece quando a ideologia entra no mundo corporativo? Um fenômeno muito peculiar, que nos Estados Unidos está sendo chamado de “Capitalismo Woke” ou “Capitalismo Militante”.
Se há um tempo se pensava que o mundo dos negócios não olhava para a cara de ninguém, e que os executivos eram avaliados na base de seu desempenho, hoje as coisas são muito diferentes.
Os executivos estão sendo julgados mais pela militância política ou pela ausência dela, do que pelos resultados que trazem para a empresa.
Um artigo científico recente de Vyacheslav Fos, Elisabeth Kempf e Margarita Tsoutsoura (The Political Polarization of U.S. Firms, 2021) mostra que nas empresas norte-americanas os grupos dominantes são hoje politicamente mais homogêneos do que no passado.
Ou são todos republicanos, ou são todos democratas. Ou todos de direita, ou todos de esquerda.
Executivos cada vez mais politizados
Segundo o artigo, “as equipes de executivos nas empresas dos EUA estão se tornando cada vez mais politizadas e partidárias, levando a uma polarização política da América corporativa”.
O trabalho teve como base uma análise dos registos eleitorais dos executivos que trabalham nas empresas listadas no índice S&P 500 entre 2008 e 2018.
Nessa década, por sinal, a diversidade dentro dessas empresas aumentou, no que diz respeito, por exemplo, a mulheres no comando.
Mas essa diversidade de gênero foi compensada, negativamente, por uma homogeneidade ideológica.
O estudo mostra como a polarização política está cada vez mais generalizada. Mesmo nas empresas.
A filiação partidária assumiu implicações que não tinha anteriormente. E está demonstrando todo seu sectarismo.
Até o começo dos anos 2000, um executivo/eleitor podia mudar seu voto da esquerda para direita, ou vice-versa, apenas por simpatia com um candidato ou na base de características do mesmo, independentemente da orientação ideológica. E estava tudo bem. Ninguém no trabalho iria sequer ligar para isso.
Hoje, a filiação política se tornou algo cada vez mais tribal.
O estudo mostra que votar em outro partido se tornou sinônimo de traição, mesmo dentro das empresas. E isso acaba afetando os resultados dos trabalhadores.
Executivos querem trabalhar com quem pensa igual
O fator que mais explica a crescente politização dos executivos no local de trabalho é a homofilia.
O estudo mostrou que “61% do aumento do partidarismo é produzido por uma tendência crescente dos executivos em escolher empresas em que há indivíduos que compartilham suas opiniões políticas”.
Para o estudo, executivos que estão politicamente alinhados com a maioria de sua equipe têm uma chance 3,2 pontos percentuais menor de deixar sua empresa do que executivos cujas opiniões divergem.
No artigo, Fos, Kempf e Tsoutsoura apontam que os momentos em que a politização das empresas deslanchou foram 2010, 2012 e 2016: respectivamente os anos em que foi criado o controverso Obamacare, nome pelo qual ficou conhecido o Affordable Care Act (ACA), e em que foram realizadas as eleições que deram o segundo mandato a Obama e que elegeram Donald Trump.
A correspondência de um ano eleitoral com um período em que se fala mais de política é compreensível. Entretanto esse resultado sinaliza como os partidos se tornam cada vez menos clubes e cada vez mais tribos.
Por si só, não é surpreendente que as pessoas queiram estar e trabalhar com colegas com os quais existem semelhanças.
Mas há dois problemas.
Primeiro, essa filiação política tornou-se um fator de divisão. Uma fronteira que define o perímetro de pessoas que é socialmente aceitável frequentar. Todas as outras são consideradas quase o inimigo.
Nos Estados Unidos de Bill Clinton ou de George Bush, esse não era o caso. No mesmo país, com Obama, Trump e Biden, se tornou uma questão.
Em segundo lugar, a importância do posicionamento político de um executivo começa a prevalecer sobre o que deveria ser a maior razão para contratar e manter uma pessoa na equipe: seu desempenho no ambiente de trabalho.
Não é por acaso que Fos, Kempf e Tsoutsoura observam que o fenômeno é menor nas empresas com ampla participação acionária (as “sociedades anônimas”) e naquelas que fabricam bens de consumo, nas quais há fortes e e evidentes razões para limitar qualquer militância política.
Também há diferenças significativas de setor para setor.
Por exemplo, as doações ao Partido Democrata por parte de gestores do mercado financeiro americano aumentaram desde a década de 1990. Um sinal claro de alinhamento de Wall Street com o partido.
Republicanos querem antitruste contra o Vale do Silício
O estudo termina em 2018, mas desde então a questão da politização do mundo dos negócios aumentou muito, se tornando um assunto cada vez mais debatido nos Estados Unidos.
Há alguns anos, os políticos republicanos denunciam a presença maciça de radicais do partido democrata em grandes corporações. Em primeiro lugar no comando das redes sociais.
Twitter, Facebook e Google, mas também os grandes produtores de conteúdo, como Netflix, Disney e a própria Amazon, cujas produções são dominadas por assuntos ligados à agenda de esquerda.
Os republicanos indicam a crescente moda de “responsabilidade social” das empresas como um sintoma dessa “guinada à esquerda” das grandes corporações.
O “capitalismo militante” teria mudado os próprios objetivos das empresas, indo além da criação de lucro para os acionistas e criando outras prioridades. E são exatamente essas últimas as mais fáceis de politizar.
Não por acaso, os conservadores americanos estão pressionando o governo de Joe Biden para que fortaleça os órgãos antitruste contra os gigantes do setor tecnológico.
Algo peculiar, pois a política de defesa da concorrência sempre foi uma bandeira do Partido Democrata, que a considerou uma ferramenta de combate às desigualdades.
Entretanto, entre os republicanos agora existe uma expectativa de as leis antitrustes sejam úteis para resolver algumas pendências políticas contra os gigantes do Vale do Silício.
É claro, as empresas não funcionam no vácuo: quem trabalha lá pertence a uma determinada sociedade e a um determinado momento histórico. E isso também determina o alcance do comportamento aceitável.
Só que o único jeito de fazer que as pessoas possam render mais é focar na criação de valor, e não na retórica política do momento.
Os laços de amizade, os nepotismos, as simpatias políticas fazem parte da vida. Mas o objetivo de uma empresa é o de alcançar o lucro.
Nos últimos anos tornou-se moda criticar o conceito de “criação de valor para o acionista”, na base do argumento de que as empresas devem estar comprometidas em gerar um “capitalismo com rosto humano”.
Só que o risco dele se tornar “humano demais” é que o mesmo capitalismo se torne impregnado de sectarismo e tribalismo., com grande detrimento das empresas.
Não me parece inteligente substituir a competência por igualdade nos pensamentos políticos. Quando chegar ao consumidor será uma loucura, eu que sou conservador só utilizarei empresas que os dirigentes sejam conservadores. O mesmo valerá para o mercado de capitais?
Esses capitalistas multimilionários perceberam que eles podem mandar no mundo. Não é Xi Jinping. Vejam João Doria. Com quase 70 anos nunca fez nada pela população, puxa o saco do Xi Jinping e dos magnatas para quando globalizar tudo ele se sente na janelinha. Joe Biden, Macron, Merkel, etc. estão interessados na fonte da juventude que o Bezos está prometendo para eles.
Toda pessoa mais inteligente SABEM QUE
Os esquerdalhas USAM DO PODER DE COMPRA DO ESTADO, DA UNIÃO para forçar donos de empresas a empregarem gente de esquerda em postos chave..
A esquerdalha PT PSDB faz gestões há tempos para DAR emprego nas redações de jornais/TV/Rádio e nos departamento de Marketing.
O resultado esta ai…não vê quem não quer ou é muito BURRO!
nos EUA esse processo vem desde a época do Bill Clinton!
O republicanos acordaram TARDE demais,