As revelações de Frances Haugen, ex-funcionária do Facebook, podem ser o maior escândalo da história da big tech. Em depoimento no Senado dos EUA, ela falou sobre engajamento, violência e espionagem. “Quase ninguém fora da plataforma sabe o que acontece”, declarou, na terça-feira 5. Frances deixou a empresa em maio deste ano depois de discordar da conduta da companhia.
“Espionagem é algo que definitivamente está acontecendo”
Antes de se demitir, ela copiou documentos internos e os compartilhou com o Wall Street Journal, que divulgou o material ao longo das últimas três semanas. Entre as revelações, estão papéis que mostram que celebridades, políticos e influencers de grande visibilidade da rede social eram tratados de forma diferenciada pela empresa — nem todo o conteúdo sofria moderação.
“Classificação baseada no engajamento é perigosa sem sistemas de segurança”
Frances ainda associou o trabalho do Facebook à violência em Mianmar e na Etiópia, além da espionagem praticada pela China e pelo Irã em vários países. “Meu medo é que, sem ação, os comportamentos dicotômicos e extremistas que vemos hoje sejam apenas o começo”, disse Frances, ao mencionar que a big tech nada fez para mudar o algoritmo que estaria incentivando a polarização.
Após o depoimento de Frances, os senadores avaliam impor barreiras ao Facebook.
Mianmar e terrorismo
Em 2018, o Facebook admitiu que não fez o suficiente para evitar a disseminação de postagens que incitaram o ódio contra a perseguição promovida à minoria rohingya em Mianmar. Desde então, a big tech prometeu limitar a disseminação de “desinformação” no país depois de um golpe militar.
“Quase ninguém fora da plataforma sabe o que acontece”
Contudo, a promessa não foi cumprida, segundo Frances. Na sequência, ao ser interpelada por um senador se o Facebook é usado por “líderes autoritários ou terroristas” em todo o mundo, a ex-funcionária da rede social respondeu que “definitivamente, sim, e o Facebook está muito ciente disso”.
Partido Comunista da China e Irã
Antes de sair do Facebook, Frances trabalhava com a equipe de contraespionagem da empresa. O grupo se dedica a rastrear ameaças na rede, como a de agentes chineses que se passam por ativistas em prol dos direitos dos uigures apenas para atacá-los. “Você poderia realmente encontrar os chineses, com base puramente no fato de que eles praticam esse tipo de coisa”, explicou.
Em março, a equipe de segurança do Facebook revelou que hackers a serviço do Partido Comunista da China tinham como alvo jornalistas e simpatizantes da causa uigur que viviam fora do país asiático. Frances também revelou que o Facebook sabia da participação ativa do governo do Irã espionando agentes públicos dos EUA. “Isso é definitivamente uma coisa que está acontecendo.”
No Senado, Frances criticou a pouca quantidade de profissionais no setor de contraespionagem do Facebook. O gargalo estaria contribuindo para a proliferação de ameaças no mundo digital através da plataforma da big tech.
Classificação baseada no engajamento
Trata-se de um mecanismo que amplifica o conteúdo publicado para estimular os usuários a reagir com curtidas, compartilhamentos ou comentários. Segundo Frances, o dispositivo alimenta a violência étnica em países como a Etiópia, que está dividida por profundas separações regionais e raciais. Dessa forma, o algoritmo precisa ser modificado.
“O Facebook também sabe, eles admitiram em público”, disse Frances. “Sabem que a classificação baseada no engajamento é perigosa sem sistemas de integridade e segurança, mas não implementou essas funções”, observou.
Facebook cobiçava usuários jovens, apesar das preocupações com a saúde
Frances divulgou um estudo do Facebook segundo o qual 13,5% das meninas adolescentes do Reino Unido disseram que pensamentos suicidas se tornaram mais frequentes em suas vidas após usarem o Instagram.
Outra pesquisa feita pela big tech revelou que 17% das adolescentes afirmaram que seus distúrbios alimentares pioraram com o uso do Instagram. Cerca de 32% das meninas adolescentes alegaram que, quando se sentiam mal com seus corpos, o Instagram as fazia se sentir pior.
Mesmo assim, o Facebook não teria tomado providências, segundo Frances.
Com a palavra, a rede social
“Um subcomitê de comércio do Senado realizou uma audiência com uma ex-gerente de produto do Facebook que trabalhou para a empresa por menos de dois anos, não tinha subordinados diretos, nunca compareceu a uma reunião de ponto de decisão com executivos de nível C — e testemunhou mais de seis vezes apesar de não trabalhar no assunto em questão.”
Leia também: “Os novos senhores do mundo”, artigo de Ana Paula Henkel publicado na Edição 43 da Revista Oeste
Teremos um encontro em um futuro próximo com a determinação de limites e regulamentação dessas plataformas. São perigosas e anti-democraticas pois incitam ódio e divisão. Possuem dados e preferências de 70% dos eleitores. Fake-news são o menor dos problemas. Até hoje a Globo, só para citar um exemplo, foi a maior disseminadora de fake-news no Brasil, mesmo assim tivemos eleições em 2018, mesmo roubadas foi eleito um presidente que a Globo e o STF não queriam. Mas com as bigtechs a coisa é bem diferente.
Facebook e Dr. A. Fauci devem explicações quanto ao vazamento dos e-mails sobre a origem do vírus da China. É muita sujeira contra a Humanidade.