Cientistas chineses do Instituto de Biomedicina e Saúde de Guangzhou desenvolveram rins quase humanos em embriões de porcos. A pesquisa foi publicada na quinta-feira 7 na revista científica Cell Stem Cell.
Os pesquisadores precisaram fazer o experimento desenvolvendo rins híbridos de porcos e humanos porque não poderiam simplesmente colocar um rim humano em um corpo: o sistema imunológico do animal o rejeitaria.
A ideia dos cientistas é utilizar, no futuro, outros mamíferos como fonte de órgãos para transplantes em seres humanos. Mas os avanços desse tipo de pesquisa levantam uma série de problemas éticos.
Como foi o experimento que desenvolveu rins quase humanos em porcos
Para desenvolver rins quase humanos em porcos, os cientistas chineses alteraram a composição genética de embriões suínos para injetar células humanas responsáveis pela formação de rins.
Depois de alguns dias, os embriões implantados nas porcas começaram a desenvolver rins com estrutura normal, mas com a grande presença de células humanas.
Os rins que se desenvolveram eram pelo menos metade humanos, com até 60% de células humanas e 40% de células de porco. Foram fertilizados 1.820 embriões para 13 porcas. As gestações foram interrompidas até os 28 dias.
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Esses rins ainda tinham vasos sanguíneos de porco, pois os humanos seriam rejeitados pelo sistema imunológico da porca grávida. Ainda é preciso uma engenharia genética mais complexa para que eles se tornassem adequados para transplantes em humanos, o que deve levar anos, caso venha a acontecer.
O próximo objetivo dos pesquisadores, liderados pelo chinês Lai Liangxue, é obter rins quase humanos maduros nos porcos. Mas há o desafio de impedir que as células humanas cheguem ao cérebro ou aos testículos ou ovários dos animais.
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“A questão é se é ético deixar os porcos nascerem com rins humanizados maduros”, disse o espanhol Miguel Angel Esteban, um dos pesquisadores do estudo, ao jornal El País. “Tudo vai depender do grau de contribuição [das células humanas] em outros tecidos do porco”.
O estudo atual, por exemplo, mostrou que havia poucas células humanas que conseguiram chegar ao cérebro e medula espinhal dos embriões, o que não deveria acontecer.
Os pesquisadores escolheram os rins para o experimento porque eles estão entre os primeiros órgãos a se desenvolverem em embriões. Também estão entre as principais demandas de transplantes. Os rins representam cerca de 70% dos transplantes de órgãos no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde.