Uma equipe de cientistas japoneses relatou uma possível “chuva de plástico”. Os pesquisadores descobriram que há microplásticos nas nuvens, onde provavelmente vão afetar o clima de maneira ainda não totalmente compreendida.
Os especialistas escalaram o Monte Fuji e o Monte Oyama para recolherem água das névoas que envolvem os picos.
Depois, eles aplicaram técnicas avançadas de imagem às amostras para determinar as suas propriedades físicas e químicas.
Em um estudo publicado na revista Environmental Chemistry Letters, a equipe identificou nove tipos diferentes de polímeros e um tipo de borracha nos microplásticos.
Os elementos encontrados variavam entre sete e 94 micrômetros (equivalente à milésima parte do milímetro). Cada litro de água turva testada continha de seis a 14 pedaços de plástico.
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O estudo havia sido publicado em 14 de agosto, mas ganhou mais repercussão pelo site da Universidade Waseda, na quarta-feira 27.
“Chuva de plástico” e a poluição
Quando os microplásticos atingem a alta atmosfera e são expostos à radiação ultravioleta da luz solar eles degradam-se. Assim, contribuem para a emissão de gases com efeito de estufa.
“Se a questão da ‘poluição atmosférica por plásticos’ não for abordada de forma proativa, as alterações climáticas e os riscos ecológicos podem tornar-se uma realidade, causando danos ambientais irreversíveis e graves no futuro”, alertou o principal autor da investigação, Hiroshi Okochi, da Universidade de Waseda.
Microplásticos são partículas de plástico com menos de 5 milímetros e provêm de produtos industriais, têxteis, pneus sintéticos de automóveis, produtos de higiene pessoal e outras fontes.
Esses elementos já foram descobertos dentro de peixes, em meio ao gelo marinho do Ártico e na neve das montanhas dos Pirenéus, entre França e Espanha.
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Transporte natural do microplástico ainda é um mistério
Os mecanismos naturais do transporte de microplástico para locais tão diversos ainda permanecem desconhecidos.
“Até onde sabemos, este é o primeiro relatório sobre microplásticos transportados pelo ar em águas nubladas”, escreveram os autores do artigo científico.
Segundo a Universidade de Waseda, a pesquisa revela que “os microplásticos são ingeridos ou inalados por humanos e animais e foram detectados em vários órgãos, como pulmão, coração, sangue, placenta e fezes”.
“Dez milhões de toneladas desses pedaços de plástico acabam no oceano, são liberados com a pulverização oceânica e chegam à atmosfera”, continua a universidade.
“Isto implica que os microplásticos podem ter-se tornado um componente essencial das nuvens, contaminando quase tudo o que comemos e bebemos através da ‘chuva de plástico”, afirma a instituição.