O médico sanitarista suíço Didier Pittet disse que “se julgar pelos dados científicos atuais, uma revacinação anual contra a covid-19 poderá não ser necessária”. Ele falou ao jornal Valor Econômico neste domingo, 17. “Com relação ao coronavírus, não podemos saber ainda hoje se ele continuará a sofrer mutação ou fazer novas variantes. Parece que provavelmente não”.
Pittet explicou que uma vez que a população esteja suficientemente imunizada, o vírus vai circular menos e terá uma possibilidade menor de fazer novas variantes.
“Temos a impressão [com base nos dados científicos] de que esse vírus vai a um certo momento começar a se extinguir um pouco. Isso não quer dizer que ele vai desaparecer, e sim que vai provavelmente fazer parte da família de coronavírus com a qual vivemos há centenas de anos, sem necessidade de vacinação cada ano”.
“Por outro lado, é possível que ele seja responsável por pequenas infecções, as mesmas pequenas infecções respiratórias que temos com quatro outras famílias de coronavírus com as quais vivemos há centenas de anos”, explicou.
Relacionadas
Sobre a vacinação, o médico sanitarista disse que a terceira dose deve ser priorizada na população mais vulnerável, caso existam vacinas disponíveis.
“Com as duas primeiras doses consegue-se rapidamente uma melhor cobertura em termos de imunidade global. Se eu tiver que escolher entre dar as duas primeiras doses e guardar a terceira, porque não tenho vacinas suficientes, é assim que eu decidiria. Mas, se eu tiver doses suficientes daria prioridade aos mais idosos, aos mais doentes”.
Em relação a volta ao “normal”, ele acredita que na Europa, pelo menos, a partir do próximo verão — em julho de 2022 — “poderemos ter grandes concertos, com muita gente, mas com precaução. Depois, e com mais pessoas vacinadas, vamos esperar até outubro uma vida quase normal”, concluiu.
Pittet se tornou famoso mundialmente como criador e na origem da democratização do uso do álcool em gel contra infecções nos hospitais.