Depois de três semanas de um conflito implacável, o Sudão sinalizou um acordo de paz entre os grupos que disputam pelo poder no país africano. O general Abdel Fattah e o líder Mohamed Hamdan concordaram em estabelecer um cessar-fogo de oito dias. Os cristãos — que representam uma minoria inferior a 2% da população sudanesa — enfrentam grandes dificuldades em meio aos conflitos porque são considerados “amigos” da comunidade internacional crítica aos muçulmanos.
Fuga da capital sudanesa
Há mais de 15 dias ocorre uma disputa sangrenta entre Abdel Fattah al-Burhan, o atual líder do Sudão, e o grupo paramilitar Rapid Support Forces (RSF, na sigla em inglês) liderado pelo general Mohamed Hamdan. A situação na capital Cartum é desoladora: em função dos ataques aéreos deflagrados na segunda-feira, 1 de maio, a cidade foi evacuada. Segundo o ministro da Saúde do Sudão, mais de 500 pessoas morreram; cerca de 4600 pessoas ficaram feridas e quase 70% dos hospitais foram fechados. Os conflitos forçaram a saída de mais de 800 mil sudaneses para países vizinhos.
Igreja sob fogo cruzado
Os poucos cristãos no país de maioria muçulmana organizaram uma rede de assistência a fim de socorrer as pessoas sem acesso à água potável ou à comida. A maioria deles são trabalhadores informais e sem reservas de emergência para se manterem durante a crise. O fato de que os cristãos são uma minoria marginalizada no Sudão só contribuiu para aumentar as dificuldades. Segundo a ONG Portas Abertas, os cristãos são obrigados a escolher entre morrer de fome ou morrer sob os tiros.
Num estado onde a grande maioria da população é muçulmana, é até natural que a grande maioria se aproveite da ocasião para eliminar ou atacar os cristãos, mesmo que não estejam o centro do conflito, pois são possíveis concorrentes em algum evento futuro.