Um ato em memória das vítimas do atendado na Associação Mutual israelita Argentina (Amia), em Buenos Aires, será realizado nesta quinta-feira (24), na capital paulista, pela Confederação Israelita do Brasil (CONIB) e Federação Israelita do Estado de São Paulo (FISESP), entidades que representam a comunidade judaica brasileira.
O atentado terrorista, ocorrido em 18 de julho de 1994, foi o maior já registrado na América Latina. Causou 85 mortes e deixou mais de 300 pessoas feridas.
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“O terrorismo muitas vezes parece um assunto distante do Brasil”, afirma a Oeste Cláudio Lottenberg, presidente da Conib. “Mas o atentado contra a Amia, patrocinado pelo Irã e pelo Hizbollah, mostrou como ele pode atingir a nossa região.”
O dirigente lembrou de acontecimentos recentes, em que acusados de envolvimento com grupos terroristas foram detidos no Brasil.
“Nos últimos meses, inclusive, as autoridades brasileiras prenderam pessoas ligadas a esses grupos que estavam planejando ações no Brasil”, afirmou Lottenberg. “Por isso precisamos lembrar sempre do que ocorreu na Amia. E aplaudir a decisão da Argentina que passou a denominar o Hamas como uma organização terrorista.”
Na última sexta-feira, 12, governo do presidente Javier Milei declarou o Hamas como grupo terrorista. Antes, em decisão inédita, em abril de 2024, a justiça argentina responsabilizou o Irã pelo atentado na Amia e pelos ataques à embaixada israelense, em 17 de março de 1992, quando morreram 29 pessoas e 242 se feriram.
No documento, a Câmara Federal de Cassação Penal da Argentina, órgão de mais alta instância criminal do país, declarou que as duas ações criminosas foram “resultado de decisões políticas e estratégicas do Irã, executados por terroristas do Hezbollah”.
Na decisão, o Irã é classificado como “Estado terrorista” e os atentados, como crimes contra a humanidade. Até o momento, no entanto, ninguém foi julgado. O governo iraniano nega a participação nos ataques.
Estado argentino também foi responsabilizado
Em junho, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) declarou que a própria Argentina foi responsável por falhas na prevenção e na investigação do atentado. Para o Tribunal, o Estado argentino não adotou medidas para prevenir o ocorrido.
A corte também afirmou que a nação deixou de cumprir com seu dever de investigar o ataque. Acusou, ainda, a ocorrência de encobrimento por parte de autoridades, sem ter havido a diligência devida, em prazo razoável.
Na época do atentado à Amia, o presidente da Argentina era Carlos Menem (1989-1999). A ele se seguiram Fernando de la Rúa (1999-2001), Ramon Puerta (2001), Adolpho Rodriguez Saá (2001), Eduardo Camaño (dezembro de 2001-janeiro de 2002), Eduardo Duhalde (2002-2003), Néstor Kirchner (2003-2007), Cristina Kirchner (2007-2015), Maurício Macri (2015-2019) e Alberto Fernández (2019-2023).
Em 18 de janeiro de 2015, o promotor argentino Alberto Nisman foi morto na véspera de realizar uma denúncia relativa a este atentado, que ele investigava. Ele acusava autoridades, entre elas Cristina Kirchner, de acobertarem os iranianos envolvidos no ato.
Nisman afirmou na ocasião que o objetivo de Cristina, era “aproximar-se geopoliticamente da República Islâmica do Irã e restabelecer relações comerciais plenas de Estado a Estado para aliviar a grave crise energética argentina, mediante a troca de petróleo por cereais”. A ex-presidente Cristina Kirchner sempre negou qualquer envolvimento e garantiu que a acusação contra ela foi uma conspiração.