Identificado o ‘carniceiro de Bucha’

Angela 06 abr 2022 às 10:20

Mentira da incubadora

Era uma vez uma jovem kuwaitiana, de nome Nayirah. A jovem testemunhou em lágrimas perante um Comitê de Direitos Humanos do Congresso dos EUA em 10 de outubro de 1990, que se ofereceu como paramédica kuwaitiana no Hospital Al-Adnan no Kuwait e testemunhou a incursão de soldados iraquianos. Ela disse: “Eu vi os soldados iraquianos entrarem no hospital com armas… tirando bebês das incubadoras, levando as incubadoras e deixando as crianças no chão frio para morrer.”

No Conselho de Segurança da ONU um médico fez uma declaração semelhante. Ele se descreveu como cirurgião e falou de 120 bebês prematuros mortos. No entanto, o jornalista Alexander Cockburn provou em janeiro de 1991 que o médico não estava no Kuwait no momento da invasão iraquiana, mas no exílio na Arábia Saudita. Ao mesmo tempo, no mesmo artigo, ele questionava se algum hospital no Kuwait poderia ter tantas incubadoras.

Só depois da guerra se soube que Nayirah as-Sabah era a filha de quinze anos do embaixador kuwaitiano Saud Nasir as-Sabah nos EUA e Canadá e membro da família governante do Kuwait. O pai da garota sentou-se na platéia durante o seu depoimento.

Duas enfermeiras explicaram posteriormente que a jovem nunca havia trabalhado no hospital e que os incidentes que ela descreveu nunca aconteceram. E o tal médico que papagueou na ONU, era dentista.

O relato de Nayirah desempenhou um grande papel na tomada de decisões dos EUA sobre a intervenção no Iraque. O presidente Bush mencionou o conto em alta voz, pelo menos, dez vezes em apenas algumas semanas. Em 19 de dezembro de 1990, mais de dois meses após o aparecimento da jovem, a Anistia Internacional divulgou um relatório de 84 páginas sobre abusos de direitos humanos no Kuwait que incluía a mentira da incubadora. Foi repetido novamente em 8 de janeiro de 1991 por um alto funcionário da Anistia Internacional perante o Comitê de Relações Exteriores.

Finalmente, em 12 de janeiro de 1991, o Senado dos Estados Unidos votou 52-47 para intervir na Segunda Guerra do Golfo. A Câmara dos Representantes votou 250-183 a favor da guerra, que finalmente começou em 19 de janeiro.

Como nenhuma testemunha testemunhou sob juramento, as declarações falsas não tiveram consequências legais.

A campanha de relações públicas é considerada um exemplo de manipulação e desinformação da mídia direcionada para tornar a política, a mídia e o público prontos para a guerra (mentiras da causa da guerra). A Anistia Internacional tentou verificar a história após a libertação do Kuwait e finalmente teve que admitir publicamente ter sido enganada por uma farsa.

“O trabalho da agência de publicidade dos EUA para os kuwaitianos, de certa forma, trazia a assinatura da Casa Branca. O presidente Bush foi informado por Fuller sobre cada passo. No entanto, não pode ser provado se ele também deu seu consentimento pessoal à história do bebê. O que resta, no entanto, é que houve contatos pessoais próximos entre o governo dos EUA e uma agência que comprovadamente espalhou mentiras. Na verdade, a mesma agência foi diretamente empregada pelo governo dos EUA em outro contexto.”– Andreas Elter ( historiador alemão e cientista de mídia).