O brasileiro Michel Nisenbaum, de 59 anos, é um dos 238 reféns que neste momento estão em algum lugar na Faixa de Gaza.
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A família tem essa convicção porque, depois dos ataques do Hamas, no dia 7 de outubro, ele não mais foi visto. E não foi encontrado nenhum corpo que pudesse ser considerado dele.
Michel é um dos brasileiros que “ficaram para trás”, em alusão à fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual afirma que nenhum brasileiro em Gaza será esquecido, referindo-se aos palestinos.
Uma campanha, entre os voluntários em Israel, teve início, depois das declarações de Lula, para alertar sobre a importância de se preocupar também com os reféns levados pelo grupo terrorista.
Em grande parte, eles são a causa das operações israelenses que se iniciaram em Gaza, na sequência.
A irmã dele, Mary Shohat, de 66 anos, porém, não quer entrar no assunto. Somente relata o sofrimento dela e da família. Ela é como uma segunda mãe para o irmão.
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“Nos falamos pela última vez na quinta-feira 5 por telefone”, conta a Oeste. “Na manhã de sábado 7 eu estava em minha casa em Beer Sheva e soube da notícia, foi um choque devastador.”
Desde então, a família vive no que se pode chamar de grau máximo da agonia.
“Não sabemos como ele está”, diz Mary. “Não temos notícias, é uma dor enorme no coração, e o meu peito está para explodir de falta de ar.”
A única informação que tiveram é em relação ao carro que Michel estava dirigindo quando, naquele sábado, ia de Sderot, onde mora, para buscar a neta dele. Ela estava com o pai, que é soldado, na base militar em Reim, na região.
Michel passava, portanto, pelo local onde estavam os terroristas. Saiu de casa às 6h57.
“Só sabemos que encontraram o carro dele todo queimado.”
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Nascido em Niterói (RJ), em 1964, Michel imigrou para Israel em 1976. Foi trazido pela irmã, Mary, nascida em Porto Alegre (RS), sete anos mais velha. Ela havia ido morar em Israel um ano antes. A mãe deles, Sulmira, de 86 anos, também vive no país. Eles são filhos de pais diferentes.
“Somos só nós dois”, conta a irmã. “O meu pai faleceu quando eu tinha um ano, e o pai do Michel faleceu vários anos atrás no Brasil.”
Michel e a música
Mary conta que o irmão tinha concluído havia pouco um curso de guia de turismo e queria mostrar Israel a brasileiros, latinos e também a Israelenses.
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“Nós somos muito amigos”, diz, orgulhosa. “O Michel tem um monte de amigos. Ele ajuda todo mundo que precisa de alguma coisa. O sonho dele é continuar trabalhando, viajar a Ashkelon para ver as filhas e netos. E continuar ajudando a nossa mãe.”
Michel tem dupla nacionalidade. É também israelense. Fez família em Israel, tornando-se pai de duas filhas e avô de cinco netos.
Ele adora fazer trilhas e caminhadas. Mas o que mais o encanta são as músicas do famoso cantor israelense Schlomo Artzi.
Uma delas, conta Mary, tem muito a ver com esse momento: Teta’aru Lachem, Imagine para você. A letra da canção fala em “imaginar um mundo lindo, menos triste, para irmos até lá levando o pôr do sol no bolso.”
Ela se anima.
“Só queria que ele estivesse cantarolando isso agora, onde quer que esteja, essa é a minha esperança”, completa a irmã, um pouco menos triste.
Ô Molusco :
Vá buscá-lo em Gaza.
Ofereça-se para ficar no lugar dele num túnel sem ar.
Tão covarde quanto os terroristas do Hamas.