As Forças de Defesa de Israel (FDI), por meio da unidade responsável pelo transporte de ajuda humanitária para Gaza, acusou a Organização das Nações Unidas (ONU) de ser a responsável pelos problemas existentes na distribuição de bens que entram na zona de conflito. Os militares israelenses garantem que “não há escassez de alimentos na Faixa”.
A declaração ocorreu nesta quarta-feira, 10, durante coletiva de imprensa em Kerem Shalom, um corredor humanitário localizado na interseção das fronteiras de Israel, Egito e Gaza; reaberto em dezembro. O chefe das atividades da FDI, coronel Moshe Tetro, garantiu que Israel está trabalhando diariamente para aumentar a ajuda aos palestinos.
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O oficial explicou que os caminhões passam por verificações de segurança no cruzamento das fronteiras e, em seguida, são descarregados no lado de Gaza.
“A ajuda é então recebida pelas organizações internacionais e entregue ao povo de Gaza”, afirmou.
Tetro negou a existência de “gargalos” no lado israelense que estivessem impedindo a chegada da ajuda ao enclave. O oficial atribuiu a responsabilidade a outro ponto de apoio: “o problema está com as organizações internacionais que processam e recebem a ajuda”.
A fala de Tetro foi uma resposta ao comentário na semana passada feito pelo diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos, Carl Skau, sobre os atrasos na distribuição da ajuda humanitária.
“Existe um sério gargalo na travessia de fronteira de Rafah, e não falta de pessoal da ONU”, afirmou Skau. “Nossas equipes estão do outro lado da fronteira esperando pegar o que passa; isso não é feito de maneira sustentável.”
Os jornais hebraicos acompanharam a logística e descreveram o que viram no dia da coletiva. Após as autoridades israelenses examinarem as caixas com a ajuda recebida, os trabalhadores egípcios embalaram as doações para a entrega em Gaza. O caminhões transportavam arroz, cenouras fatiadas e carne enlatada.
ONU afirma que população de Gaza passa fome
No mês passado, a ONU e outras agências internacionais relataram que mais de meio milhão de pessoas em Gaza, um quarto da população, estavam passando fome. Essas organizações avaliam ser uma quantidade insuficiente de alimentos entrando no território.
Tetro rebateu as críticas da ONU. “No que diz respeito aos alimentos, as reservas em Gaza são suficientes para o curto prazo”, disse ele. “No entanto, se houver organizações que desejam trazer mais alimentos, ficaremos felizes em facilitar — tanto para o sul quanto para o norte.”
De acordo com o coronel israelense, a unidade das FDI tem aumentando o número de caminhões que cruzam a fronteira diariamente. Na primeira semana de janeiro, passaram 110 caminhões.
“Inicialmente, Israel restringiu a ajuda a Gaza depois do massacre de 7 de outubro”, lembrou o militar.
Saiba mais sobre o corredor humanitário de Kerem Shalom
Em meados de dezembro, sob pressão norte-americana para reduzir os atrasos na entrada de alimentos, água e suprimentos médicos, o gabinete de segurança de Israel aprovou a reabertura do cruzamento de Kerem Shalom.
Inicialmente, a medida seria apenas para a verificação das caixas, sendo, em seguida, redirecionadas para o corredor de Rafah e, só então, sendo entregues em Gaza.
Além dos alimentos, que, segundo o coronel Tetro, representam 70% das cargas dos caminhões para Gaza, também passam por Kerem Shalom água, suprimentos médicos e equipamentos para abrigos improvisados.
EUA pressionam Israel para permitir mais ajuda humanitária em Gaza
Nas últimas semanas, os Estados Unidos têm pressionado o governo de Benjamin Netanyahu para permitir que mais ajuda humanitária entre na Faixa de Gaza.
A coletiva de imprensa em Kerem Shalon aconteceu em meio à visita do Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, a Israel. Essa é a quarta visita dele ao país desde o início da guerra contra o Hamas.
Relembre o dia 7 de outubro
No dia 7 de outubro, cerca de 3 mil terroristas do Hamas invadiram o sul de Israel e mataram cerca de 1,2 mil pessoas, a maioria civl. Outras 240 vítimas foram feitas reféns.