O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, colocou 40% da população carcerária do país para trabalhar. Em vídeo publicado nas redes sociais, neste sábado, 1º, ele afirma que os criminosos vão ajudar a construir rodovias, hospitais e escolas. Além disso, os presos vão confeccionar móveis, plantar alimentos e limpar rios.
Batizado de “Programa Zero Ócio”, o objetivo da iniciativa é fazer os bandidos pagarem a dívida que têm com a sociedade.
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De acordo com Bukele, o programa “não inclui assassinos e estupradores”. Em troca, os presos vão receber redução da pena, “enquanto aprendem uma profissão”.
A principal bandeira de Bukele
O governo de El Salvador tem como sua principal bandeira política a segurança pública. Bukele foi reeleito com 83% dos votos no primeiro turno, depois de conseguir reduzir os índices de violência de El Salvador. Localizado na América Central, o país já foi considerado o mais perigoso do mundo.
Setores da direita latino-americana consideram o presidente de El Salvador referência na área da segurança pública. Ele ficou conhecido depois de implantar diversas políticas de combate à criminalidade.
O país chegou a ter índice de 106 pessoas assassinadas a cada 100 mil habitantes. Para se ter ideia, a taxa no Brasil é de 25,7 homicídios por 100 mil habitantes. Bukele disse que falta “vontade política” nos demais países para resolver o problema.
Recentemente, ele disse que conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva algumas vezes, mas que nunca conversaram sobre segurança pública.
Em resposta a jornalistas, inclusive estrangeiros, ele disse que o Brasil tem “muitos problemas” na segurança pública. “Falei algumas vezes com o presidente Lula, mas ele nunca me mencionou a questão da segurança”, respondeu. “Imagino que ele tenha a própria forma de abordagem e de lidar com a situação.”
As principais políticas adotadas pelo presidente de El Salvador
Entre as políticas públicas adotadas por Bukele está a adoção de um Estado de exceção, que tem sido renovado pelo Parlamento há dois anos. O presidente também lançou um pacote com as seguintes medidas:
- suspensão do direito de associação e reunião;
- interrupção da inviolabilidade das comunicações; e
- privação do direito dos cidadãos de serem imediatamente informados sobre o motivo de eventuais detenções.
Ele também promoveu um encarceramento em massa. São 100 mil salvadorenhos detidos em um país com 6 milhões de habitantes. Organizações internacionais, como a Anistia Internacional, criticam o governo de El Salvador por supostamente violar os direitos humanos.
Leia também: “A política de encarceramento de Bukele vence as eleições”, artigo de Dagomir Marquezi publicado na Edição 203 da Revista Oeste