A chamada Catedral da Transfiguração, da Igreja Ortodoxa, em Odessa, no sul da Ucrânia, foi atingida por um míssil neste domingo, 23, informaram autoridades ucranianas, atribuindo o ataque à Rússia. Além da igreja, o míssil destruiu seis casas e edifícios residenciais, matou duas pessoas e deixou 22 feridos. O governo russo nega o ataque.
A administração militar de Odessa disse que a catedral, do século 19, foi “severamente danificada”. À agência Reuters, o diácono Andrii Paltchuk disse que o ataque causou um incêndio na parte da igreja onde são comercializados artigos religiosos.
“Quando a capela do altar direito — a parte mais sagrada da catedral — foi atingida, um pedaço do míssil voou por todo o espaço e atingiu a área onde exibimos imagens, velas e livros para compra”, relatou o religioso.
Segundo o Ministério da Defesa da Ucrânia essa catedral já tinha sido destruída anteriormente, 1936, durante as campanhas antirreligiosas do ditador soviético Joseph Stálin. Foi reconstruída quando o país conquistou sua independência, em 1991.
As agências internacionais relatam que vários moradores das proximidades ajudaram na limpeza da igreja, que ficou com o piso coberto de escombros e teve pedaços de suas paredes ornamentadas arrancadas pelo impacto do projétil.
A catedral fica no centro histórico da cidade e, assim como o porto, foi incluída no início deste ano na lista de patrimônios mundiais da humanidade da Unesco, a agência das Nações Unidas (ONU) para a Educação, a Ciência e a Cultura.
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Odessa, maior cidade portuária da Ucrânia, passou a ser alvo de ataques russos na última semana, depois que o governo de Vladimir Putin anunciou que deixaria de integrar o acordo que permitia a exportação de grãos do rival pelo mar Negro. Desde então, o Exército russo tem atacado a região, especialmente silos ucranianos, quase diariamente.
As reações ao ataque à catedral da Ucrânia
“Mísseis contra cidades pacíficas, contra moradias, contra uma catedral”, afirmou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, em referência aos 19 projéteis lançados por Moscou na madrugada — Kiev afirma ter derrubado nove deles. “Haverá represálias contra os terroristas russos pelo que aconteceu em Odessa.”
Já o governador da região de Odessa, Oleh Kiper, descreveu o incidente como “outro ataque noturno dos monstros”. Entre os feridos, há quatro crianças e adolescentes.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, emitiu um comunicado condenando o ataque e oferecendo assistência na reconstrução da catedral. “Os agressores russos destroem depósitos de grãos, privando milhões de famintos de comida. Eles devastam nossa civilização europeia, nossos símbolos sagrados”, disse ela.
O Ministério da Defesa da Rússia negou que a destruição da catedral tenha ocorrido em razão da ofensiva russa. Em nota, afirmou que suas forças atacaram “instalações onde se planejavam atos terroristas por meio de embarcações não tripuladas”. Desse modo, afirmou o governo russo, a provável causa dos danos ao edifício é provavelmente um míssil antiaéreo ucraniano.