Milhares de pessoas foram às ruas para manifestar indignação contra a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que foi presa e morta em Teerã, capital do Irã, por não usar o hijab — véu obrigatório que cobre a cabeça de mulheres muçulmanas.
Segundo o chefe de polícia, Hossein Rahimi, a iraniana foi detida por usar “calças apertadas” e lenço na cabeça de forma “inadequada”. Mahsa Amini viajou para Teerã com sua família na semana passada. Ela morreu na sexta-feira 16, vários dias depois de sofrer uma parada cardíaca.
O caso tomou proporções gigantescas. Para milhares de iranianas, Mahsa foi espancada ou de alguma forma maltratada pela polícia. O pai da jovem informou que ela não apresentava problemas de saúde antes da prisão.
Mulheres do Irã removendo seus hijabs enquanto gritam "morte ao ditador" em protesto contra a assassinato de Mahsa Amini, que foi morta por não colocar seu hijab corretamente. pic.twitter.com/qq0n8U6jMB
— Flávio Costa (@flaviocostaf) September 21, 2022
Depois da morte de Mahsa Amini, milhares de iranianos compartilharam nas redes sociais vídeos de multidões protestando contra a violência policial no país. A repressão das autoridades afeta sobretudo as mulheres, que, desde 1979, são forçadas a usar o lenço na cabeça.
As imagens mostram manifestantes gritando: “Mulheres, vida, liberdade”. Outros registros capturam cenas de briga com a polícia e de pessoas segurando cartazes escritos “Morte ao ditador”. Circulam ainda vídeos de iranianas queimando os hijabs e cortando o cabelo em público.
O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, ordenou um inquérito para investigar a causa da morte da jovem. Segundo informações da imprensa estatal, o chefe de Estado telefonou para os pais de Mahsa, para expressar condolências. “A filha de vocês era como minha filha”, teria dito.
Unprecedented scenes in Iran: woman sits on top of utility box and cuts her hair in main square in Kerman to protest death of Mahsa Amini after her arrest by the morality police. People clap their hands and chant “Death to the dictator.” #مهسا_امینی pic.twitter.com/2oyuKV80Ac
— Golnaz Esfandiari (@GEsfandiari) September 20, 2022
Punição extrema
O governo do Irã planeja usar tecnologia de reconhecimento facial em locais públicos para identificar e reprimir mulheres que não estejam cumprindo a nova lei sobre o uso de hijab.
A medida foi aprovada pelo presidente do país, Ebrahim Raisi, em 15 de agosto, quase um mês depois do “Dia do Hijab e da Castidade”, data comemorativa marcada por protestos. Na ocasião, mulheres iranianas publicaram vídeos nas redes sociais sem o véu islâmico em ônibus e trens.
“O governo iraniano há muito brinca com a ideia de usar o reconhecimento facial para identificar pessoas que violam a lei”, afirma Azadeh Akbari, pesquisador da Universidade de Twente, na Holanda, em entrevista ao jornal britânico The Guardian. “O regime combina formas violentas ‘antiquadas’ de controle totalitário vestidas com novas tecnologias.”
Quantas mortes serão necessárias até que se mude isto?
Basta que o povo não saia mais das ruas para que o governo caia.
Nenhum governo resiste ao povo persistente.