Anteriormente, fizemos as nossas considerações sobre as modelagens climáticas, baseando-se nas próprias respostas fornecidas pelos modelos matemáticos computadorizados que tem sistematicamente aquecido a Terra mais do que a realidade. Além das “temperaturas do ar médias globais”, o ponto de partida de todas estas simulações, sempre atreladas à emissão de CO2 antropogênico, trouxemos também dois exemplos de cenários climáticos que envolveram efeitos regionais, desprovidos da realidade das circulações globais.
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O primeiro cenário, discutido no texto anterior, dizia que a Europa poderá ter quedas abruptas de temperaturas na ordem de 30,0oC até o fim do século, com uma significativa alteração do clima em 10 ou 20 anos. Isso resultaria em um frio avassalador para boa parte dos habitantes do hemisfério norte, típico de eras glaciais, mas cuja origem seria o “aquecimento global”. Já o segundo cenário elencado envolveria um colapso ambiental da floresta amazônica até 2050, onde teríamos um ponto considerado irreversível para a recuperação da vegetação ou extinção da mesma.
Desconsiderando a falta de sustentação teórica básica para expressões como “colapso ambiental”, “ponto irreversível”, entre outras, passemos a analisar os fatos do mundo natural contemporâneo e se há coerência no artigo publicado na revista científica Nature sobre o “colapso amazônico”. Também precisamos verificar o que temos de informações pretéritas sobre o clima no Quaternário, nosso tempo geológico atual, e sua resposta na vegetação. Não poderemos esquecer os discursos que se aproveitam de quadros meteorológicos sazonais como tentativas de embasar suas hipóteses sem as devidas comprovações científicas, afinal, são modelagens programadas em computadores para “dizerem” exatamente o que se quer obter como resposta. No final, precisamos refletir como concatenar o exemplo anterior sobre o frio da Europa com o presente nesta avaliação e nos perguntar como duas simulações podem apresentar quadros opostos usando o mesmo argumento principal do “aquecimento global”? Afinal, quanto mais se faz “ciência climática”, mais incertezas e divergências são relatadas?
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Segundo a publicação da Nature, suas conclusões tiveram como base uma revisão de artigos anteriores (claro, na mesma linha aquecimentista e catastrofista), modelagens climáticas estatísticas e uma análise que envolveu a elevação das temperaturas, secas extremas, desmatamentos e incêndios, supondo que todos eles estão aumentando rapidamente nos últimos anos. Nestes últimos pontos, podemos observar uma forma de introduzir partes de discursos políticos como se fossem dados. Ademais, teremos a sustentação da argumentação apoiada por modelos que não sabem expressar as condições climáticas. Essa prática é costumeira quando se quer usar a ciência para se fazer norteamento de decisões políticas, misturando adequadamente fantasia de cenários e discursos alarmistas.
“O padrão de dados meteorológicos do passado não garante a perpetuação do mesmo padrão no futuro”
Ricardo Felício
Analisando o texto, vimos que o cerne da publicação envolveu modelagem, seja pelos artigos da revisão bibliográfica ou pelos resultados oferecidos por modelagem estatística que cometem o pecado de projetar resultados para o futuro, baseando-se no argumento equivocado de que é o “aquecimento global” do CO2 o único agente determinante de peso. Além disto, o cone de probabilidades destas projeções é lastreado nos recentes dados passados, projetando-se a mesma inclinação, supostamente ascendente do intervalo escolhido.
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Acontece que o padrão de dados meteorológicos do passado não garante a perpetuação do mesmo padrão no futuro. Há mais coisas a serem ponderadas. Isso ficou claro com o chamado “hiato das temperaturas”, ocorrido quase por 17 anos, de 1998 a 2015, onde os valores estagnaram-se e, em algumas séries, apresentaram leve declínio, enquanto o CO2, relatado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), só subia, junto com as suas temperaturas modeladas. Isso sim é uma forte evidência de que o gás não controla as temperaturas, mas outros elementos climáticos de peso.
Mundo real versus “mudanças climáticas”
Saindo da modelagem e entrando no mundo real, segundo as projeções sobre os dados, a variação de temperaturas é de cerca de 0,13oC por década, sendo que este “3” dos centésimos de graus Celsius não têm significado físico na meteorologia e climatologia sérias, mas teremos que colocar aqui para fazer sentido nos “cálculos estatísticos”. Como teremos cerca de 25 anos para o “colapso” e “ponto sem retorno”, isso significaria que as temperaturas sobre a região da Floresta Amazônica subiriam, na sua abstrata média, em 2,5 X 0,13oC, resultando nos hilários 0,325oC (se o “3” do valor anterior não tinha significado, o mesmo se aplica aqui ao “25” dos milésimos). Ou seja, seguindo a linha de raciocínio de “elevação permanente”, a subida é de apenas 0,3oC, baseando-se em dados anteriores. Para sermos bastante conservadores, vamos ajudar um pouco e subir esta média em 0,5oC. Isto significa que, com este suposto valor de elevação na média das temperaturas, a floresta iria sucumbir, morrer e desaparecer?
“Como poderemos acreditar que em 25 anos a Floresta Amazônica simplesmente vá sucumbir ou desaparecer como a mídia propaga?”
Ricardo Felício
A afirmação, além de estúpida é completamente irracional! Ela nos faz lembrar do que foi propagado pelo IPCC na época do seu quarto relatório (AR4) em 2007. Na ocasião, difundiu-se pela mídia que as geleiras do Himalaia iriam se derreter até 2035, se não muito antes, “se a Terra mantiver as taxas de aquecimento atuais [de 2007]”, conforme afirmaram. Logo depois, vários glaciologistas, inclusive credenciados no Instituto de Pesquisa Polar Scott, e geólogos se manifestaram contra o absurdo proferido. O geólogo indiano Vijay Kumar denunciou oficialmente o erro em novembro de 2007. O IPCC, contudo, só se desculpou quando o ex-ministro do meio ambiente indiano Jairam Ramesh afrontou o órgão da Organização das Nações Unidas, acusando-o de “alarmista”.
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Com isso, como poderemos acreditar que em 25 anos a Floresta Amazônica simplesmente vá sucumbir ou desaparecer, como a mídia propaga? Mesmo com temperaturas “superfaturadas” dos modelos, o valor médio não chegaria a subir 1oC e sabemos, pelos estudos de paleoclimatologia, que florestas tropicais nunca apresentaram algum problema com tal suposta elevação. Mas esses estudos vão muito além. Temos um bom entendimento que, nos períodos mais quentes do período geológico atual, a abundância de umidade e precipitação sobre os continentes foi maior. Com mais calor e umidade, a vegetação tropical expandiu-se, contrariando a hipótese. Períodos mais frios e secos foram os que desfavoreceram a região de florestas tropicais mais densas, as chamadas “florestas de chuva” (que estão lá porque chove e não o contrário).
De fato, os estudos que envolvem a região da Floresta Amazônica apresentam uma complexidade muito maior do que simplesmente serem norteados pelo parâmetro “temperatura do ar média global” e, a partir daí, inferir o que acontecerá com toda a vegetação. A própria área enorme da região nos permite observar diferenças marcantes. Dados geomorfológicos do norte da América do Sul indicam que, durante o período Quaternário, condições climáticas secas prevaleceram repetidas vezes na Amazônia, alternando-se com as superúmidas. Isto esclarece que o parâmetro “temperatura” não pode ser utilizado como única forma de avaliação. A circulação de ventos e correntes oceânicas, bem como a precipitação entram em grande peso.
Mais estudos sobre o tema
Estudos sobre a expansão e retração da floresta possuem mais de 50 anos e foram baseados em informações sobre espécies de aves, plantas, tipos de solo e morfologia. Um dos mais antigos foi publicado na revista científica Science, em 1969, pelo alemão Jürgen Haffer (1932-2010). Por ser ornitólogo, profissional que se dedica a pesquisas sobre aves, e utilizar dos arcabouços teóricos da biogeografia, propôs que diversos tipos de pássaros e outros animais se refugiariam em manchas florestais proeminentes mais resistentes aos períodos de seca climáticas, separados por áreas menos densas ou de vegetação mais adaptada às longas estiagens seriadas. O processo teria ocorrido várias vezes desde o Pleistoceno e se mantido no nosso Quaternário, sendo um dos supostos responsáveis pela diversidade de espécies. Algo semelhante também foi proposto pelo zoólogo Paulo Emilio Vanzolini (1924-2013), em 1970, batizando-a como a “Teoria dos Redutos”.
“A área amazônica é vasta, com setores apresentando classificações climáticas diferentes”
Ricardo Felício
Mais tarde, a mesma ideia passou a ser chamada de “Teoria dos Refúgios” pela geografia brasileira, por meio do geógrafo Aziz Nacib Ab’Sáber (1924-2012), que, junto de Vanzolini, adaptaram melhor a proposta inicial de Haffer para o norte da América do Sul. É claro que, como toda teoria, ela sofreu críticas, cujas supostas falhas teriam sido elencadas pelo norte-americano Mark B. Bush e o geólogo Paulo E. de Oliveira. Dentre estas, entra a que citamos anteriormente, de que a área amazônica é vasta, com setores apresentando classificações climáticas diferentes, portanto, os eventos severos de secas climáticas ou períodos de grandes inundações podem não ter ocorrido simultaneamente, mas em tempos diferentes, conforme dados de alguns lugares classificados como “refúgios”.
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Isto nos remete ao fator de estresse da vegetação causado por “secas extremas”. Primeiramente, no caso atual não são secas, pois o conceito envolve outra definição teórica mais ampla da climatologia. Há uma confusão generalizada feita em atribuir os períodos normais de estiagem sazonal com secas climáticas. A estiagem ocorre todos os anos na região, especificamente pela migração da Zona de Convergência Inter Tropical (ZCIT), que oscila de 8oN a 5oS, aproximadamente. Então, espera-se que haja o período de estiagem todos os anos, pois a contribuição de umidade proveniente do Oceano Atlântico se desloca bem ao norte, reduzindo as chuvas. Em cada ano, os fluxos de umidade vindos do oceano podem variar para mais ou menos. Os dados do século 20 indicam que as estiagens mais severas ocorreram no começo do século, entre os anos 1920 e início de 1930, quando o planeta, em geral, apresentou declínio de temperatura. As oscilações para valores mais altos se consolidam por volta de 1938, sendo este o nono ano mais quente do século passado, quando o CO2 estava lá embaixo.
De qualquer forma, deve-se ressaltar que a Teoria dos Refúgios, propostas por todos estes estudiosos do passado, baseavam-se na retração florestal em manchas densas e consolidadas, com supostas áreas adjacentes de savanas, quando a Terra entrava em um período de glaciação, ou seja, ficava mais fria. Parece ser claro que é totalmente avessa à ideia de “aquecimento global” generalizada como costumam afirmar.
Especulações sobre o fim da floresta já foram feitas antes. Lembremos do discurso proferido em 17 de julho de 1985, na 37ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Belo Horizonte. Na ocasião, o então presidente da Embrapa, o engenheiro agrônomo Luiz Carlos Pinheiro Machado (1929-2020), afirmou que a região da Floresta Amazônica seria um enorme areal em 2010, ou seja, em 25 anos em relação àquela data! Estamos em 2024, passaram-se 39 anos da “previsão” e 14 anos da sua suposta concretização e a floresta está lá. Amplamente homenageado por movimentos de orientação ideológica de esquerda e uma vida inteira dedicada às causas desta vertente, fica claro que seus pronunciamentos sobre a floresta, assoreamento de represas e outros, não tinham fundamentação científica, mas política.
Florestas e incêndios
Algo semelhante ocorre no recente artigo avaliado, quando suas análises conclusivas incluem desmatamento e incêndios florestais como agentes do desaparecimento da floresta nos próximos mesmos 25 anos! Faz a gente pensar onde colocariam tanta madeira de uma área de cerca de 4 milhões de quilômetros quadrados durante esse período! Quanto aos incêndios, a confusão entre as queimadas de manejo com fogo em floresta, que supostamente aumentaram, parecem ser propositais. Ademais, focos reais de incêndios só são verificados no período de estiagem e fazem parte da renovação florestal, atingindo áreas determinadas e não toda a floresta. Quanto aos de origem criminosa, vale procurar os que foram investigados recentemente, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Quem seriam os mandantes e o que objetivaram?
“As taxas de desmatamento propagadas aos sete ventos são irrisórias e se mantidas, sem nenhum reflorestamento, natural ou antrópico, ainda teríamos florestas até o século 25”
Ricardo Felício
Ainda não fizemos menção a que tipo de desmatamento, pois o discurso sempre mistura os que são legais com os ilegais. De qualquer forma, as taxas de desmatamento propagadas aos sete ventos são irrisórias e se mantidas, sem nenhum reflorestamento, natural ou antrópico, ainda teríamos florestas até o século 25. Como é impossível deter os processos de reflorestamento na zona climática superúmida, facilmente verificável em qualquer campo abandonado, sua recuperação ocorre em cerca de 20 a 30 anos. Isto significa que a Floresta Amazônica não estará sucumbindo, desaparecendo ou extinta em 2050!
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E como não poderia faltar, diversos artigos publicados têm notificado que a vegetação pelo planeta inteiro, seja a natural ou a plantada, incluindo agricultura, tem aumentado significativamente. As informações foram obtidas desde o ano de 1978, início da “Era dos Satélites” para uso civil, quando o planeta estava para encerrar a sua última oscilação fria do século 20. Recentemente, novos trabalhos reconfirmaram que a tendência se manteve. Atribui-se isto a fertilização das plantas pelo leve aumento da concentração de CO2 na atmosfera. Então, além de não aquecer o planeta, o carbono ajuda as plantas. Informação básica!
Como conclusão, só podemos supor que o artigo entra no mesmo rol de todas as suposições anteriores. O nosso “himalaia” amazônico tem muito mais pretensões políticas que científicas e certamente, quando chegar em 2050, a floresta estará lá, exatamente como a Antártida, o Ártico, o Himalaia, a Sibéria. A menos que algo de proporções bíblicas (2 Pe 3:10-13; Ap 6:12-14; Ap 21:1) e/ou cósmicas atuem de forma drástica por todo o planeta, não há nenhuma evidência que corrobore as “profecias” do cataclisma ambiental difundido.
Enfim, lembramos que as únicas coisas propagadas pela linha catastrofista são sempre ruins. Eles não conseguem enxergar nada de positivo do que ocorre na natureza. O objetivo é fazer as pessoas viverem em um clima constante de ameaça, tristeza e desgraça. Isto não é a realidade, especialmente porque todos esses trabalhos publicados em revistas científicas não são sobre clima, mas sim, meros exercícios teóricos computacionais, não validados, onde a climatologia foi apenas encenada, portanto, devem ser enquadrados na ciência da computação. Esses artigos caberiam muito bem em revistas especializadas desta área, porque claramente, no quesito de fazerem ciência climática, passaram longe.
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As vezes podemos pensar que os paranoicos ou mal intencionados propagadores do “climate change” estão certos e que professores cientistas como Ricardo Felicio estão errados ou propagando fake news. Na realidade, como o tempo é senhor da razão e a mentira tem pernas curtas, não passará esta geração para todos acordarem e se concientizarem da manipulação e mentiras propagadas pelos agourentos do “climate change” e perceberem como a humanidade é insignificante para mudar o clima da terra.
Aqui no Canadá, felizmente a expectativa é de que o agente do WEF Justin Trudeau, com sua agenda terrorista ambiental e a tentativa de implementar o famigerado e pernicioso “carbon tax “ será mandado pra casa, talvez antes das próximas eleições de 2025.
Obrigado Prof Ricardo Felicio.