O norte-americano Lawrence Faucette, de 58 anos, recebeu o coração de um porco geneticamente modificado em 20 de setembro, no hospital da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos (EUA). Na sexta-feira 20, um mês depois do complexo e inovador procedimento, os médicos atualizaram o boletim do paciente, garantindo que ele apresenta bom estado de saúde e sem qualquer sinal de rejeição.
A equipe médica informou que o coração está funcionando normalmente, sem a ajuda mecânica. “Não tivemos nenhuma evidência de infecções e nenhuma evidência de rejeição (do coração transplantado) no momento.”
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O diretor do Programa de Xenotransplante Cardíaco da Universidade de Maryland, Muhammad Mohiuddin, explicou como está sendo o tratamento nesse período de 30 dias iniciais: “Estamos retirando todos os medicamentos que inicialmente apoiavam seu coração”, disse ele. “Agora o coração dele está fazendo tudo sozinho.”
Depois da cirurgia, Lawrence foi submetido a uma nova terapia de anticorpos, juntamente com medicamentos antirrejeição convencionais, que são projetados para impedir que o sistema imunológico do paciente ataque o órgão recebido.
O diretor do Programa de Transplante Cardíaco e Pulmonar da Escola de Medicina da Universidade de Maryland, Bartley Griffith, que realizou o procedimento, também endossou o sucesso do transplante nessa fase inicial. “Os médicos que cuidam do paciente acreditam que sua função cardíaca é excelente.”
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Um veterano de guerra na luta pela vida com o novo e inusitado coração
Lawrence tinha uma doença cardíaca em estágio terminal e era considerado inelegível para um transplante tradicional de coração — ou seja, de um humano com morte cerebral. Por isso, a Food and Drug Administration, órgão equivalente nos EUA a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil, autorizou o procedimento com órgão de porco.
Veterano da marinha norte-americana e pai de dois filhos, o transplantado Lawrence Faucette reconheceu que essa era a sua única esperança de vida. “Pelo menos agora tenho esperança e uma nova chance”, disse ele. “Minha família tem sido incrível. Vou lutar com unhas e dentes para ficar com eles por mais tempo.”
A mulher de Lawrence, Ann, ressaltou que é nessas horas que se dá valor às coisas simples que não se vê quando tudo está indo bem. “Desejo é ter o meu marido por mais tempo, mesmo que seja somente para um simples café na varanda.”
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O primeiro transplantado com órgão de porco morreu em dois meses
O primeiro ser humano a receber o transplante de um coração de porco, David Bennett, de 57 anos, morreu dois meses depois da cirurgia, ocorrida também no hospital da Universidade de Maryland. Apesar do pouco tempo de sobrevida, o fato, na época, foi muito comemorado pela comunidade científica mundial.
Dois anos separam o primeiro transplante do atual, em Lawrence Faucette, tempo em que os cientistas da Universidade de Maryland tiveram para entender as razões da morte de Bennet e aprimorar a técnica.
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O primeiro humano a receber um transplante de coração convencional, ou seja, órgão doado por outro humano, foi em 1967. O paciente viveu por apenas 18 dias. Cinquenta e seis anos depois, em todo o mundo, a técnica salva milhares de vidas.
a esquerda já apareceu pra protestar sobra o porco safrificado para salvar um humano?