Atraídos pelas belezas de Puerto Iguazú, milhares de turistas viajam anualmente à cidade localizada na província argentina de Misiones. Só em 2019, mais de 1,5 milhão de pessoas visitaram as cataratas do município de 105 mil habitantes, que faz parte da Tríplice Fronteira — a queda d’água foi considerada uma das sete maravilhas da natureza pela Fundação New Seven Wonders.
Outros tantos passaram naquele ano pela famosa feira artesanal, pelo complexo La Aripuca, pelos museus de Imagens da Selva e o Mbororé, pelos hotéis e cassinos e pelo Parque Natural Municipal Luis Honorio Rolón. Esses e outros pontos turísticos tornaram o cartão postal argentino dependente do turismo e principal fonte de renda das famílias. A economia estava girando.
Essa realidade deixou de existir quando o vírus chinês desembarcou na Argentina.
Consequências do lockdown
Para “conter a covid-19”, o governo Fernández-Kirchner decretou um rígido isolamento social, em março, que vem asfixiando Puerto Iguazú. Hotéis estão de portas fechadas, as Cataratas do Iguaçu ficaram restritas à visita de moradores, a feirinha de artesanato cada vez mais deserta e as pontes ainda estão fechadas, entre elas, a Tancredo Neves, que liga o país ao Brasil.
O cenário local traduz a dificuldade de uma Argentina mergulhada no caos. Ao fim deste ano, o país perderá 12,9% do Produto Interno Bruno, mais que qualquer economia do G20, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. Além disso, terá de lidar com a recessão, a dívida externa em moratória e a inflação disparada. A crise só aumenta.
Leia também: “O erro do lockdown”, artigo publicado na edição n° 14 da Revista Oeste
Atualmente, a Argentina está entre os dez países com maior inflação (36% ao ano), ao lado de nações como Venezuela (6.500%) e Zimbábue (495%). Os dados são do Fundo Monetário Internacional. Apesar de ter melhorado de posto no ranking mundial no ano passado, sob o comando do então presidente Maurício Macri, o país só saiu do quarto para o oitavo lugar.
No fim de novembro, o presidente Alberto Fernández recuou e pôs fim ao “confinamento eterno”, porém, Puerto Iguazú — e várias províncias do país — ainda aguarda a reabertura das fronteiras e um plano que possa salvar a economia agonizante. Por causa dessa soma de fatores, a população da cidade chegou ao limite.
Carne estragada
Em 17 de novembro, moradores desenterraram frangos em decomposição que foram descartados em um terreno pelo órgão sanitário do país. Famílias cavaram metros de profundidade para pegar as mais de mil caixas de carne — até crianças e idosos ajudaram a “exumar” o alimento. Tudo foi registrado por membros do Movimento Ativo Social e Político de Iguazú (MAS).
As imagens viralizaram nas redes sociais e trouxeram à tona a pobreza e a vulnerabilidade do povo de Puerto Iguazú.
De acordo com a prefeitura, as carnes foram apreendidas numa operação policial e ficaram 24 horas sem refrigeração. Dessa forma, se tornaram impróprias para consumo e jogadas fora pelo Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Alimentar. Indignada, a população organizou uma manifestação pacífica pedindo a renúncia do prefeito Cláudio Felippa.
As investigações apontam que o produto foi contrabandeado. Há suspeitas de envolvimento de uma funcionária pública.
“As imagens são o reflexo fiel de como estamos hoje. A fome bateu forte nas portas das famílias”, afirmou a Oeste Claudio Altamirano, líder do MAS. Até o momento, segundo ele, não há relatos de que alguém tenha ficado doente em razão do consumo do alimento estragado. “Nesse caso, a barriga vazia falou mais alto que os possíveis problemas”, disse.
Precarização do trabalho e carências estruturais
Conforme o líder do MAS, o desemprego é crescente em Puerto Iguazú. Apenas os funcionários públicos argentinos não foram duramente afetados pelo surto de coronavírus. Já os profissionais autônomos e sobretudo os da iniciativa privada sofreram mais. Em setembro, Oeste noticiou que várias empresas fecharam na Argentina e outras tantas deixaram o país.
De acordo com Altamirano, quem foi demitido de uma empresa pegou a rescisão e comprou equipamentos de lavoura ou matéria-prima para artesanato, de modo a desempenhar uma segunda atividade e complementar a renda. Os subsídios do governo são insuficientes, forçando a população a encontrar um ofício paralelo, e mais precário.
“As pessoas tiveram que se reinventar. Por exemplo: um profissional que atua como guia turístico, e fala três idiomas, foi carpir lotes, pastos ou podar árvores. A capacitação acadêmica dele, agora, não serve de nada”, relatou Altamirano. “Ocorreu uma reorganização radical do trabalho em Puerto Iguazú”, observou o líder do MAS. O que também incentivou a criminalidade.
Esses e outros problemas se juntaram às deficiências que Puerto Iguazú tinha antes do vírus chinês, entre elas, a falta de investimentos no saneamento básico, na educação e na saúde. Segundo Altamirano, outras cidades argentinas estão em situação parecida. “É uma realidade que muitos políticos e funcionários públicos não querem ver”, concluiu.
[…] a primeira vez que a Argentina tem momentos de tensão. Em dezembro do ano passado, Oeste relatou o drama de famílias de Puerto Iguazú que comeram frango estragado. O […]
A Argentina acabou, Governo comunista é isso que acontece.
Argentinos prisioneiros da soberba e da arrogância.
O país vem fazendo escolhas ruins, e se mostra capaz de piorá-las ainda mais.
O fundo do poço talvez ainda não tenha sido suficiente para que resolvam que não existe resultado bom na facilidade.
A esquerda jamais se endireita. Esquerda não é Solução.
Gostei !!! ” A esquerda jamais se endireita” taí.
Parabéns pela matéria!! Reflexão sobre e conhecimento nunca será demais.
Um povo mentalmente infantilizado, que ainda presta homenagens a criaturas mortas há décadas, não querendo enxergar a demagogia embutida nos pseudo atos de solidariedade, continuando a votar em criaturas que já provaram usar o poder para benefício próprio, lamentavelmente, não pode se queixar da sorte!!!
Essa matéria mostra cirurgicamente o objetivo por trás do vírus chinês. Se voltarmos à 5, 6 anos atrás, veremos a China investindo pesadamente na infraestrutura da argentina, lembrando que a Argentina assim como o Brasil, tem sua máquina administrativa (judiciário, legislativo, ministérios, além da midia) comandada ainda pela esquerda. Com a liberação do vírus chinês pelo mundo, os países dominados economicamente e politicamente pela china, adotaram regimes duros de confinamento da população, quebrando assim a economia local, um prato cheio para os chineses, que com isso passam a comprar muito mais barato a indústria do país quebrado, e domina-lo de vez. Vejam a Argentina é a prova que o confinamento não funciona, eles estão no lockdown mais longo do mundo, e superaram o número de mortos por milhão no Brasil. Os adeptos do lockdown são parceiros da China, vejam o PSDB de Dória e covas em São paulo. Por trás desse absurdo existe o interesse econômico, vocês não acham estranho que a Rússia e China sofrerem tão pouco com o vírus? Bem, o que fica demonstrado, é que se o governo brasileiro cedesse as pressões da mídia e do mundo, hoje teríamos o nosso destino semelhante ao da argentina, ao invés disso estamos com o PIB crescendo mais de 7%.
Obs.: e Zélia Duncan ainda disse que tinha inveja dos argentinos. Se muda pra lá, vai!
Obrigado pela leitura, pelo comentário e pela análise, Rogerio. Continue conosco. Forte abraço
Eu que agradeço por nos informar. Abraço.
Muito boa a análise!
O frango descartado não fez mal à saúde dos argentinos porque estava levemente maturado. É a explicação que dou para isso daí. Agora, fico imaginando um caso de um apagão de energia elétrica de só um mês o que faz as pessoas regredirem à era pré-industrial e com um grande agravante, naquela época a população era muito menor e as pessoas eram mais resistentes às agruras. Hoje um simples vírus causa um tremendo rebuliço e morrem muitas pessoas, se não houver uma vacina ou outra coisa que o valha. As pessoal perderam a resistência a doenças.
*) Faltou uma revisão: As pessoas perderam…