Professor de medicina espacial e medicina de emergência, Emmanuel Urquieta colocou em pauta uma questão relacionada a missões espaciais. Em texto para o site da emissora britânica BBC News, ele, que atua no Centro Médico do Texas, no Estados Unidos, falou sobre o que acontece com um astronauta que morre no espaço.
De acordo com ele, o primeiro pensamento possível é que o corpo, em casos assim, ficaria vagando pelo espaço. A resposta de Urquieta, no entanto, é: depende da situação.
Conforme o professor, se alguém morrer em uma missão em órbita baixa da Terra, como a bordo da Estação Espacial Internacional, a tripulação poderia devolver o corpo ao planeta em uma cápsula. E esse procedimento ocorreria em questão de horas — ou até mesmo minutos.
Se a morte de um astronauta ocorresse na Lua, a tripulação poderia voltar para casa com o corpo em apenas alguns dias. A Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (Nasa) já possui protocolos detalhados para tais eventos.
Agora, as coisas seriam diferentes se um astronauta morresse durante a viagem de 225 milhões de quilômetros até Marte. Neste caso, a tripulação não seria capaz de voltar rapidamente para casa. O corpo provavelmente retornaria à Terra junto com a tripulação no fim da missão. Vale ressaltar, porém, que nunca houve missão tripulada à Marte — e não há previsão de que isso ocorra algum dia.
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Segundo Urquieta, teoricamente, a temperatura e a umidade constantes dentro da espaçonave ajudariam a preservar o corpo. Esses são cenários que se aplicam caso alguém morresse num ambiente pressurizado, como uma estação ou nave espacial.
O que aconteceria com uma pessoa sem o traje espacial?
Se a pessoa estiver sem a roupa apropriada ou sofrer algum acidente em sua estrutura, a primeira coisa que vai acontecer é um processo de desidratação. O astronauta morreria quase que instantaneamente e ficaria completamente seco, explicou o professor de medicina espacial.
No caso hipotético de um astronauta morrer na superfície de Marte, a tripulação precisaria preservar o corpo em um saco especial até que ele pudesse retornar à Terra. O enterro seria impossibilitado devido aos recursos limitados para cremação e de contaminação da superfície marciana.
Por fim, Emmanuel Urquieta informa que, desde que a exploração espacial humana começou, há pouco mais de 60 anos, 20 pessoas morreram: 14 nas tragédias do programa de ônibus espaciais da Nasa (em 1986 e 2003), três durante a missão Soyuz 11 (1971) e outras três na plataforma de lançamento da Apollo 1 (1967).
Não há regresso possível à Terra numa viagem à Marte. A tripulação, portanto, não poderia trazer o corpo.