Cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) descobriram como as construções da Roma Antiga duraram por tanto tempo. O segredo está no concreto, segundo pesquisa publicada na revista norte-americana Science Advances, em 6 de janeiro deste ano.
Por meio de um exame do concreto das paredes da antiga cidade de Privernum, na Itália, o estudo revelou uma propriedade química que garantiu ao material a habilidade de “autocura”. Paredes com rachaduras “recompunham-se” sozinhas.
De acordo com o professor Admir Masic, de engenharia civil e ambiental do MIT, líder da pesquisa, “os novos resultados mostram que na base da autocura e da longevidade do concreto romano antigo pode estar a maneira como os romanos misturavam suas matérias-primas, especificamente como eles usavam cal, o principal componente da mistura, além das cinzas vulcânicas”.
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“Este é um próximo passo importante para melhorar a sustentabilidade dos concretos modernos por meio de uma estratégia de inspiração romana”, observou Masic. “Conseguimos traduzir algumas das características das antigas argamassas romanas, que podem ser associadas a autocura em análogos modernos com grande sucesso.”
A cal é uma substância pulverulenta cáustica branca, composta de óxido de cálcio e produzia pelo aquecimento do calcário. O concreto romano contém pedaços de “clastos de cal”, restos da cal usada no concreto.
Segundo os pesquisadores, esses recursos podem ser resultado de um processo chamado “mistura quente”, que emprega uma variante de cal “chamada cal virgem”, na qual reage com a água para aquecer a mistura de argamassa e promove químicas benéficas.
Os cientistas também acreditam que a durabilidade do material tenha surgido de cinzas vulcânicas da área de Pozzuoli, na Baía de Nápoles.
“Essencialmente funciona assim: quando o concreto racha, a água ou a umidade entram, e a rachadura se alarga e se espalha por toda a estrutura”, explica Masic. “Os clastos de cal se dissolvem com a infiltração da água e fornecem íons de cálcio, que recristalizam e reparam as rachaduras. Além disso, os íons de cálcio podem reagir com ingredientes vulcânicos para reforçar a estrutura.”
O Panteão de Roma
O Panteão, que data do século 2 d.C., é um edifício circular de concreto revestido de tijolos e possui a maior e mais antiga cúpula, feita do material, não armada do mundo. O Coliseu romano, datado do primeiro século d.C., não seria feito sem o concreto.
“Os romanos eram grandes engenheiros”, afirmou a principal autora do estudo, Linda Seymour, que trabalhou na pesquisa como estudante de doutorado no MIT. “O fato de que ainda podemos andar por muitas de suas estruturas é uma prova disso. Basta ir ao Panteão e ver a fila de pessoas esperando para ver a magnífica cúpula.”
Segundo Linda, “os romanos eram experientes e adaptaram seus materiais com base em uma miríade de fatores, como localização e tipo de estrutura”.