O banqueiro Oleg Y. Tinkov, fundador de uma das maiores instituições financeiras da Rússia, vendeu sua participação de 35% na empresa para um bilionário de seu país do ramo da mineração. “Foi uma venda desesperada”, disse Oleg, em entrevista ao jornal New York Times, publicada no domingo 1°.
Oleg descreveu a venda como “liquidação” forçada pelo Kremlin, consequência de um post do empresário no Instagram crítico à invasão da Ucrânia pela Rússia. No dia seguinte à publicação, agentes do governo telefonaram para Oleg ameaçando nacionalizar o banco, caso o banqueiro não deixasse a instituição.
“Não pude discutir o preço”, afirmou Oleg. “Era como um refém. Disseram-me: ‘Você pega o que é oferecido’. Não consegui negociar”, garantiu. As ações de Oleg equivaliam a US$ 20 bilhões na Bolsa de Londres em 2021. Ele é reconhecido como um dos poucos oligarcas da Rússia a construir fortuna fora das indústrias de energia e minerais, setores que mais geram riqueza no país.
Ao New York Times, Oleg revelou que outros oligarcas russos não concordam com as atitudes do presidente Vladimir Putin, mas temem subir o tom em virtude de possíveis assassinatos. “Percebi que a Rússia, como país, não existe mais”, disse Oleg. “Eu acreditava que o regime de Putin era ruim. Mas é claro que eu não fazia ideia de que isso levaria a uma escala tão catastrófica.”
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