A ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua continua eliminando da disputa presidencial alguns dos principais adversários do regime. A mais nova vítima do arbítrio é a modelo Berenice Quezada, de 27 anos, que venceu o concurso de miss Nacarágua em 2017 e se apresentava como pré-candidata à vice-presidência do país.
Classificada como “terrorista” pelo regime, ela foi colocada em prisão domiciliar e está inabilitada para disputar as eleições. Berenice integraria uma chapa lançada na semana passada por Óscar Sobalvarro, de 60 anos, que comandou a luta armada contra os sandinistas na década de 1980.
Leia mais: “União Europeia impõe sanções contra esposa e filho de ditador da Nicarágua”
A possível chapa presidencial surpreendeu os nicaraguenses e movimentou o noticiário político nos últimos dias, mas despertou a ira da ditadura. Declarações de Berenice em apoio às manifestações realizadas em 2018 contra o regime foram determinantes para que ela acabasse presa. “Essas condições são ditadas pelo povo, saindo às ruas, como fizemos em abril de 2018. Temos que mostrar no dia 7 de novembro [data da eleição] que a Nicarágua não os quer no país”, afirmou a modelo.
Berenice foi denunciada por “incitar ódio e violência” e promover a desestabilização política do país. Nos últimos meses, pelo menos 30 opositores foram presos pela ditadura — oito se apresentavam como pré-candidatos à presidência ou à vice-presidência da Nicarágua.
Leia mais: “Ditadura da Nicarágua prende mais dois opositores”
Ortega governa o país desde 2007. Em novembro, estão marcadas novas eleições presidenciais, mas os partidos de oposição não estão autorizados a participar do pleito. Ainda não se sabe se o ditador disputará um novo mandato — em seu governo, foi aprovada a possibilidade de reeleição indefinida, sem limites. Caso ele não concorra, quem deve disputar é justamente sua mulher e vice-presidente do país, Rosario Murillo.
Leia também: “Ditadura da Nicarágua prende sexto pré-candidato a presidente”