A temperatura da crise política no Peru subiu. Na quinta-feira 14, o partido governista Peru Libre abandonou o presidente do país, Pedro Castillo, depois de o chefe do Executivo promover uma reforma ministerial. Dirigentes da legenda sustentam que o líder de extrema esquerda deu uma “guinada à centro-direita”. O mais recente atrito, que ameaça a estabilidade política do governo federal, ocorre menos de 100 dias após a posse de Castillo — nesse ínterim, ele pediu a cabeça do então primeiro-ministro, Guido Bellido.
O premiê era membro da sigla que agora desembarcou da gestão central. O líder do partido, Vladimir Cerrón, anunciou no Twitter que seu partido não dará um voto de confiança ao novo gabinete anunciado por Castillo, chefiado por Mirtha Vásquez, também de esquerda, indicada para o posto de primeira-ministra. “Há uma guinada política inegável do partido e do novo gabinete para o centro-direitismo”, escreveu Cerrón. Pela lei do país, quando o premiê renuncia, os demais integrantes do gabinete entregam os cargos.
Próximos passos
O novo gabinete deve ser aprovado pelo parlamento, segundo a legislação do país. São necessários 66 votos entre os 130 parlamentares. O Peru Libre tem 37 cadeiras, e o anúncio de hoje aumenta a incerteza no já conturbado cenário político peruano. Castillo falou sobre o assunto sem citar diretamente Cerrón. Durante a inauguração de uma rodovia ontem, o presidente disse que “não se venderá por mesquinharias”. A oposição não sinalizou apoio a Castillo.
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