As pirâmides do Egito são construções incrivelmente complexas — característica essencial para a sua fama no mundo. Tal como a Torre Eiffel é para a França e o Cristo Redentor para o Brasil, as pirâmides egípcias representam o áuge da civilização do país.
A edificação das pirâmides teve início no Antigo Império (2686 a.C. — 2181 a.C.) e durou até o século 4 d.C. Mas o auge das construções foi registrado entre a Terceira e a Sexta Dianastia, por volta do ano 2325 a.C. Nesse período, o Egito vivia estabilidade política e prosperidade econômica. Essas construções tinham o objetivo de servir de tumba para pessoas importantes. E, especialmente, para seus reis — os faraós. As três pirâmides de Gizé mais famosas são: Queóps, Quéfren e Miquerinos.
As pirâmides eram vistas como um símbolo da prosperidade econômica da antiga civilização egípcia. Eram construções grandiosas e modernas. Ao mesmo tempo, representavam o poder dos faraós e a fé do povo nesses líderes.
Naquela época, os faraós eram considerados divindades escolhidas. Consideravam-nos a encarnação do deus egípcio Hórus, para serem os mediadores entre deuses e humanos. Depois da morte física, os egípcios acreditavam que o espírito do rei, conhecido como Ka, permanecia no corpo e necessitava de cuidados especiais. Assim, seus cadáveres eram mumificados.
Sobre as pirâmides do Egito
As pirâmides eram feitas de grandes blocos de pedra calcária. Elas pesavam mais de duas toneladas e abrigavam em seu interior câmaras mortais, corredores estreitos e íngremes, galerias e passagens falsas.
Os faraós eram enterrados com suas riquezas, muito ouro e diversas pedras preciosas. Os locais eram alvos de ladrões e saqueadores. Em virtude dos riscos de roubo, a intenção dos arquitetos era dificultar ao máximo que os bandidos encontrassem o caminho até os sarcófagos.
De acordo com o doutorando Thomas de Toledo Stella, da Universidade de São Paulo, os egípcios tinham uma boa noção de trigonometria — antes mesmo de Pitágoras. “Tanto é que, segundo a tradição, o próprio Pitágoras foi estudar no Egito”, acrescentou Stella, em entrevista a Oeste.
Um dos exemplares mais famosos é o Papiro de Rhind, também conhecido como o Papiro de Amósis. O documento egípcio data de 1650 a.C. e apresentava a solução de 85 problemas de aritmética, fração, cálculo de áreas, volumes, progressões, repartições proporcionais, regra de três simples, equações lineares, trigonometria básica e geometria.
Para construir as pirâmides, Stella explica que “boa parte dos blocos usados era de maior qualidade e cerca de 90% eram retirados da pedreira em Giza e o restante transportados por barco”. Isso ocorria por causa do rio que passava na região desértica.
Significados religiosos
“A pirâmide representa a recriação do universo”, afirma Stella. “Para os egípcios, todo o universo foi criado a partir de uma montanha primordial.” O doutorando explica que, quando os egípcios construíam as pirâmides, eles desejavam “que o universo fosse recriado eternamente”.
Os egípcios escolheram o formato piramidal também pelo fato de que essa seria uma forma de ascensão do faraó aos céus. Logo, eles seriam acolhidos por “Rá”, o deus do Sol e a divindade mais poderosa da mitologia egípcia.
A primeira pirâmide
O primeiro projeto a ser construído usou um modelo de “mastaba” — túmulos anteriores às pirâmides, com formato similar ao das pirâmides conhecidas atualmente, mas em tamanho menor. O monumento foi construído por Imhotep, primeiro arquiteto reconhecido da história, por volta de 2630 a.C. Isso ocorreu durante o reinado do faraó Djoser, da Terceira Dinastia.
“A ideia que Imohotep teve foi de colocar uma mastaba em cima da outra”, explica Stella. “Então, ele criou uma pirâmide escalonada, de degraus.” A construção mede 140 metros de comprimento, 118 metros de largura e 60 metros de altura. Ela foi construída com pequenos blocos calcários.
A importância da pirâmide de Djoser está no fato de ela ter sido a “base” para a construção das Pirâmides de Gizé e para as outras que viriam a ser construídas.
Algumas descobertas relacionadas às construções históricas
Corredor oculto descoberto
Foi encontrado um corredor interno oculto dentro de uma das mais famosas pirâmides do Egito, a Grande Pirâmide de Gizé, considerada uma das Sete Maravilhas do Mundo. Foi construída há 4,5 mil anos.
O corredor possui um teto triangular, mede 2,1 metros de largura e 9 metros de comprimento. Porém, não pode ser acessado pelo lado externo da construção.
Segundo Mostafa Waziri, chefe do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, a passagem descoberta teria sido construída para aliviar o peso de outro corredor que ainda não foi encontrado. “Desejamos descobrir o tesouro do faraó Quéops, pois os tesouros de todos os outros faraós egípcios já foram descobertos”, disse. “Este é o mistério.”
Oito múmias encontradas
O Ministério de Antiguidades do Egito havia anunciado em 2018 que oito múmias foram descobertas em escavações próximas à Pirâmide Branca de Amenemés II, faraó da 12ª Dinastia que morreu no início do século 19 a.C.
Os restos mortais mumificados datam da Época Baixa (664-332 a.C.) e estavam todos cobertos com cartonagem pintada (uma espécie de papel machê feito de gesso e papiro ou linho). Tudo estava enterrado em um sarcófago de calcário.
De acordo com Waziri, apenas três múmias estavam em boas condições. Essa pirâmide, uma das muitas construídas na necrópole de Dahshur, passou por atividades de mineração de seus blocos de calcário branco e também por intensa pilhagem. Atualmente, a construção é “uma sombra” do monumento original.
Papiro de 16 metros
Em janeiro deste ano, foi descoberto um papiro com 16 metros de comprimento. Ele contém seções do Livro dos Mortos. Datado de 50 a.C., o documento foi encontrado dentro de um caixão, em uma tumba ao sul da pirâmide de degraus de Djoser, em Saqqara.
Waziri disse que o papiro foi completamente restaurado no Museu Egípcio de Tahrir e está em processo de tradução para o árabe. Em comunicado, o especialista informou que este é o primeiro papiro completo a ser descoberto em Saqqara em mais de cem anos. O artefato histórico possui declarações e feitiços do Livro Faraônico dos Mortos, que serviam “para ajudar aqueles que faleceram em suas vidas depois da morte”.
Leia também: “A Tesla brasileira”, reportagem de Bruno Meyer publicado na Edição 155 da Revista Oeste
É fascinante adentrar a história e revive-la pelo menos um pouco.
Bom dia!
Vale muito a pena ser assinante da revista oeste!
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