A primeira-ministra da Moldávia, Natalia Gavrilita, renunciou na sexta-feira 10, em meio ao agravamento das consequências econômicas do conflito entre a Ucrânia e a Rússia.
Gavrilita afirmou, em uma entrevista coletiva, que ninguém poderia prever a escalada dos desafios que o seu governo estava enfrentando desde que o conflito começou, há quase um ano.
A inflação do país, que faz fronteira com a Ucrânia e com a Romênia, chegou a 30% em dezembro, depois da decisão de Moscou de limitar o fornecimento de gás natural. A ex-república soviética também sofreu cortes de energia depois dos ataques à rede elétrica da Ucrânia.
A Moldávia também está recebendo grande número de refugiados, o que está sobrecarregando os serviços públicos.
Desde a quinta-feira, 9, Moscou está disparando mísseis sobre a Moldávia e a Romênia. No mesmo dia, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse em uma cúpula de líderes da União Europeia em Bruxelas que Kiev havia interceptado e repassado planos de inteligência russos para minar a democracia na Moldávia e promover forças pró-Rússia.
O Ministério da Defesa da Moldávia descreveu o sobrevoo dos mísseis como uma “violação” e convocou o embaixador russo para uma explicação — tendo feito o mesmo após um acidente semelhante em outubro.
As relações diplomáticas entre a Moldávia e a Rússia já estavam estremecidas após sucessivos governos da ex-república soviética tentarem uma aproximação com a União Europeia, em uma postura pró-Ocidente malvista pelos russos.
Desde que chegou ao poder com o seu Partido de Ação e Solidariedade, em agosto de 2021, Natalia Gavrilita tentou avançar nas tentativas do país de ingressar na UE, que no ano de 2022 concedeu ao país o status de candidato, ao lado da Ucrânia.
“Apesar dos desafios sem precedentes, o país foi governado com responsabilidade, muita atenção e trabalho dedicado. Temos estabilidade, paz e desenvolvimento — onde outros queriam guerra e falência”, postou no Facebook a presidente da Moldávia, Maia Sandu, nesta sexta-feira.