O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou a assinatura de acordos de cooperação militar com mais de 40 países da África.
Na sexta-feira 28, último dia da cúpula Rússia-África em São Petersburgo, Putin garantiu os acordos militares depois de prometer a doação de até 50 mil toneladas de grãos a aliados um dia antes.
Segundo Putin, “uma ampla gama de armas e equipamentos de defesa” será fornecida, alguns com entrega gratuita.
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“A fim de fortalecer as capacidades de defesa dos países do continente, estamos desenvolvendo a cooperação nas esferas militar e técnico-militar”, disse Putin na cúpula, destacando que as nações poderão participar de exercícios militares em território russo para se familiarizar com armamentos de nova geração.
Rússia quer ampliar influência na África
Na última edição da cúpula, em 2019, a Rússia já havia assinado contratos de cooperação militar no valor de US$ 10 bilhões (R$ 47 bilhões). Sistemas de defesa aérea do consórcio militar russo Almaz-Antéi também foram expostos aos líderes na ocasião.
Graças ao apoio do Kremlin, alguns países africanos abdicaram da aliança que tinham com a França — que possui um longo histórico de colonização no continente — em favor de Moscou.
Desde 2020, ano seguinte ao fórum Rússia-África, quatro países sob influência russa sofreram golpes militares: Mali, Burkina Faso, Guiné e, nesta semana, o Níger, último aliado do Ocidente no Sahel.
A promessa de Putin ocorre após o fim do acordo de exportação de grãos do Mar Negro, que foi costurado pela ONU e Turquia para que a Ucrânia pudesse exportar grãos. Após o fim do acordo, existia um temor pela disparada dos preços dos alimentos.
“Nos próximos meses poderemos garantir remessas gratuitas de 25 mil a 50 mil toneladas de grãos para Burkina Faso, Zimbábue, Mali, Somália, República Centro-Africana e Eritreia”, disse ele, em um discurso transmitido pela televisão russa.
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, alguns países africanos têm apoiado Putin nas Nações Unidas, recebido seus enviados e navios de guerra e oferecido controle de ativos lucrativos, como uma mina de ouro na República Centro-Africana que, estimam autoridades dos Estados Unidos, contém uma reserva de US$ 1 bilhão do minério.
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