Desaparecidos há 86 anos, os restos mortais do último tigre-da-tasmânia foram finalmente encontrados. O paradeiro do esqueleto do animal, que morreu em meados de 1936, era desconhecido até ser localizado dentro do armário do Departamento de Educação de um museu da Austrália. Conhecido como o maior marsupial carnívoro dos tempos modernos, o último tigre-da-tasmânia morreu em um cativeiro, no Zoológico de Hobart.
“Durante anos, muitos curadores e pesquisadores de museus procuraram esses restos, sem sucesso, pois nenhum material de tilacino datado de 1936 havia sido registrado”, afirmou Robert Paddle, especialista que estuda a espécie. “Supunha-se que havia sido jogado fora.”
Segundo os pesquisadores, os restos mortais foram esquecidos, porque não haviam sido devidamente catalogados. Dentro do armário, os ossos do tigre-da-tasmânia estavam junto a um relatório de um taxidermista. Além de confirmar a espécie do animal, o documento informava que o gênero do marsupial era feminino.
“A venda do tigre-da-tasmânia não foi registrada ou divulgada pelo zoológico, porque, na época, a captura em terra era ilegal”, disse Robert Paddle. “O animal viveu apenas alguns meses, e, quando morreu, seu corpo foi transferido para o museu.”
Tentativa de ‘ressuscitar’
Uma equipe de cientistas da Colossal Biosciences, empresa norte-americana de biotecnologia, está planejando ressuscitar o tigre-da-tasmânia (Thylacinus cynocephalus). Para a restauração, os pesquisadores sequenciaram o genoma do animal. Graças aos avanços nos estudos de genética e ao surgimento de novas tecnologias, o laboratório pretende trazer o marsupial de volta à vida com base em engenharia genética, através de um DNA antigo e preservado.
“A tecnologia e os principais aprendizados deste projeto também influenciarão a próxima geração de esforços de conservação de marsupiais”, afirma Andrew Pask, biólogo especialista em tigre-da-tasmânia, que vai liderar o time de pesquisa.
O experimento consiste em coletar células-tronco de uma espécie viva com DNA próximo ao do tigre extinto. Depois desse procedimento, a equipe vai transformar o material em um embrião, que será transferido para um útero artificial ou da fêmea de algum animal geneticamente parecido.
O chefe-executivo da empresa Colossal Biosciences acredita que o animal pode voltar à vida em menos de seis anos. Já Andrew Pask estima que os primeiros filhotes do projeto devem nascer em dez anos. “Nós não temos escolha. Se perdermos 50% da biodiversidade da Terra, nós mesmos estaremos em extinção nos próximos 50 a cem anos”, alertou o geneticista, durante entrevista para o jornal britânico The Guardian.
Me emocionei com a matéria. Trazer de volta esse marsupial será uma façanha e já implica na discussão sobre as extinções de espécies que não mais existirá.
Excelente reportagem!! Parabéns!!