O problema da grande quantidade de satélites na órbita baixa da Terra parece estar piorando. Isso porque, em setembro de 2023, um satélite tornou-se um dos objetos mais brilhantes do céu noturno. Porém, o satélite — chamado de BlueWalker3 (BW3) — é apenas um protótipo.
A empresa responsável pela sua operação, a norte-americana AST SpaceMobile, planeja construir uma constelação de satélites na órbita do nosso planeta. Sangeetha Nandakumar, astrônoma da Universidade de Atacama, no Chile, afirmou que é urgente a proposta de medidas mais eficazes a fim de mitigar os impactos desses enxames de satélites.
Os cientistas alertam: “Apesar de muitos esforços da indústria aeroespacial, dos legisladores, dos astrônomos e da comunidade em geral para mitigar o impacto desses satélites na astronomia terrestre, com exemplos individuais como os projetos de mitigação Starlink Darksat e VisorSat, a tendência para o lançamento de equipamentos cada vez maiores e mais brilhantes continua a crescer”.
Regulamentações rigorosas
Aqui na Terra, há regulamentações bastante rigorosas sobre o que pode acontecer no espaço aéreo. No entanto, no espaço sideral, não há regulamentação alguma. Segundo o Orbiting Now, um site de monitoramento de satélites, existem atualmente 8.693 desses equipamentos artificiais na órbita terrestre.
No dia 4 de abril de 2023, o satélite BlueWalker3 brilhou numa magnitude de 0,4. Isso é tão brilhante quanto Betelgeuse, uma estrela supergigante vermelha.
Os pesquisadores disseram: “As observações ópticas confirmam que o brilho do BW3 aumenta quando o satélite está a uma altitude mais elevada acima do horizonte, e indicam que o intervalo entre o observador e o BW3 é o principal contribuinte para a magnitude observada. O brilho aparente do BW3 também mostra correlação com o ângulo de fase solar e parece mais brilhante em ângulos de fase elevados”.
Os satélites geram problemas para as observações astronômicas
No artigo publicado no periódico científico Nature, os cientistas disseram também que quanto mais satélites colocamos na órbita da Terra, mais difícil se torna evitar colisões.
Os satélites também representam um enorme problema para observações astronômicas terrestres. Isso porque eles não só representam uma fonte de poluição luminosa nas horas crepusculares críticas em que são feitas as detecções de asteroides, como também podem interferir no comprimento de onda em que operam os radiotelescópios.