Os pesquisadores já sabiam da existência de um buraco negro no centro da Via Láctea, porém, faltava uma imagem, que foi revelada na semana passada. A foto, meio borrada, veio à tona em meio a várias dúvidas: afinal, o buraco negro vai engolir o planeta Terra?
Para o físico Roberto Dias da Costa, do Departamento de Astronomia da Universidade de São Paulo (USP), pensar isso é equivocado. Ele conversou com Oeste sobre os mistérios que giram em torno de Sagitário A* e o que isso pode significar para o futuro da ciência. O que faremos com essas descobertas? Provavelmente, só as próximas gerações saberão.
Os buracos negros guardam os segredos do universo, e os cientistas acreditam que eles são agentes de mudança e criação. “Estamos tentando responder perguntas que nunca foram respondidas antes”, disse.
1 — O que de fato a imagem significa?
Primeiro, é mais uma validação da Teoria da Relatividade Geral, formulada pelo físico Albert Einstein, em 1915, que descreve como funciona o universo em larga escala. Depois de mais de um século sendo submetida a testes e provas, ela continua perfeita. É impressionante como ele acertou, como descreveu o funcionamento da gravidade em larga escala. Do ponto de vista da astronomia, ela ajuda a contar a história da formação da nossa galáxia e em quais condições isso aconteceu, há 13 bilhões de anos, quando a galáxia se materializou depois da formação do universo.
2 — Por que a imagem é borrada?
Foi um esforço muito grande e uma técnica muito complexa para fazer a imagem. Ela é borrada porque é um tamanho muito pequeno do ponto de vista angular. Para usar uma analogia sobre o tamanho desse objeto, é como se você pegasse uma rosquinha (dessas vendidas em padarias) e a colasse na lua para fazer uma foto aqui da Terra. Do tamanho físico, no entanto, ele é grande, mais ou menos do tamanho da órbita do planeta Mercúrio. Essa foto foi construída a partir da imagem de diversos telescópios do mundo inteiro, trabalhando juntos por muito tempo e, depois, combinando essas imagens por meio de inteligência artificial.
3 — A partir dessa imagem, quais são os próximos passos?
Creio que os próximos passos serão procurar imagens de buracos negros bem menores em outros lugares. Por exemplo, os buracos resultantes da evolução das estrelas, que têm três, quatro vezes a massa do Sol. Procurar obter imagens desses objetos será ainda mais difícil. O objetivo técnico disso é comprovar os modelos de evolução das estrelas para que a gente consiga descrever a formação desses astros, para ver se bate com a realidade, para ver se bate com a natureza.
4 — Como Einstein previu isso há mais de 100 anos?
O astrônomo foi físico e desenvolveu modelos matemáticos prevendo o comportamento da gravidade ao redor de um objeto de massa extrema (que mais tarde foi chamado de buraco negro). A imagem feita pelos cientistas permitiu testar essa afirmação feita por Einstein com 500 vezes mais precisão do que estudos anteriores. Einstein conseguiu formular a teoria porque dominava profundamente toda a física clássica do século 19. O que ele conseguiu foi descrever uma maneira diferente de como funciona a gravidade.
5 — O buraco negro pode engolir a Terra?
Se os buracos negros fossem uma espécie de “ralo universal”, o universo não existiria, eles já teriam engolido tudo, até mesmo o Sagitário A*, da Via Láctea, que é muito maciço (4 milhões de vezes a massa do Sol). Ainda assim, é completamente insignificante em relação à massa total da galáxia, que é da ordem de trilhões de vezes a massa do Sol. O buraco negro está lá, todas as estrelas estão lá em sua órbita. O Sol, a cada 250 milhões de anos, dá uma volta completa em torno do centro da galáxia, e essas órbitas são estáveis. A Via Láctea é muito grande, não dá para contar o número de estrelas, mas a estimativa é entre 200 e 400 bilhões de estrelas, e o Sol é uma delas. E todas as estrelas orbitam o centro da nossa galáxia. Isso é tudo muito estável. Então, é equivocado achar que os buracos negros são ralos universais. Eles só vão atrair objetos que estão bem próximos dele.
Leia também: “Os extraterrestres estão chegando”, reportagem de Dagomir Marquezi publicada na edição 40 da Revista Oeste
Poderia engolir o presidente e sua família de vagabundo.
Eu deveria ser físico… Alguns vivem cagando teorias que jamais serão provadas e ainda ganham dinheiro e notoriedade.
Artigo interessante, para quem aprecia estas imensidões universais. Por outro lado, podemos ficar tranquilos quanto ao futuro de nosso planeta…
Será que ele nos livra do Luladrão ou vai cuspir essa me… indigesta ?
Podia engolir o STF com todos os ministros juntos.
Excelente a matéria!
E.T.: buraco afro-descendente, por favor.
Este em questão eu tenho dúvidas, mas o buraco negro (ou vermelho) do petismo pode engolir o Brasil.