A nova crise envolvendo o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi causada por uma interferência do Palácio do Planalto na votação da manutenção da prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ).
Na quinta-feira 11, Lira chamou Padilha de “incompetente” e o classificou como “desafeto pessoal“. Em resposta, o ministro disse que “não desceria” ao “nível” de Lira e que não guarda “nenhum rancor” do deputado alagoano.
Conforme apurou Oeste, a ideia de Lira era que a prisão de Chiquinho Brazão fosse uma discussão “interna corporis” da Câmara, ou seja, sem interferências externas. Isso teria sido combinado com o governo. Contudo, o Planalto, na avaliação de Lira, não respeitou o acordo e teria interferido por meio de Padilha.
Mais cedo, o ministro disse que o “único ato” que o governo fez publicamente foi “afirmar que o governo defendia, sim, a manutenção da prisão desse parlamentar”.
A detenção de Chiquinho Brazão, que é acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, foi referendada pelo plenário por 277 votos a favor na quarta-feira 10.
A manutenção da prisão foi interpretada por auxiliares do governo como um possível enfraquecimento do presidente da Câmara, pois, conforme os auxiliares, Lira teria trabalhado pela soltura de Brazão.
A interlocutores, o presidente da Câmara nega a informação e afirma que trabalhou para que a decisão não fosse partidária, mas que refletisse a opinião de cada parlamentar. Na quinta-feira 11, ao ser questionado sobre isso, Lira culpou o governo pela informação, especialmente Padilha.
“Essa notícia foi vazada do governo e, basicamente, do ministro Padilha, que é um desafeto pessoal e incompetente”, disse Lira a jornalistas. “Não existe partidarização. Deixei claro que a votação de ontem foi de cunho individual. Cada deputado é o responsável pelo voto que deu. Não teve um partido que fechasse questão.”
A relação entre Lira e Padilha não é boa há algum tempo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, inclusive, escalou o ministro da Casa Civil, Rui Costa, para tratar com Lira, em vez de Padilha. Em conversas com Lula, aliás, o presidente da Câmara já chegou a defender o nome do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), para ocupar o posto de Padilha.
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