Na próxima semana, a mesa da CPMI do 8 de Janeiro deve se reunir em uma reunião a portas fechadas para definir os rumos das novas oitivas do colegiado. O encontro — como sempre — será alvo de embates e divergências entre a ala governista e a oposição.
Depois do depoimento de Walter Delgatti, conhecido como hacker da “Vaza Jato”, o governo entendeu que já possui informações suficientes para pautar a quebra dos Relatórios de Inteligência (Rifs) e dos sigilos fiscais do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Por enquanto, o depoimento do ex-chefe do Executivo ainda deve esperar. A ideia é reunir “provas” suficientes para inquerir Bolsonaro nas próximas semanas.
Além disso, os governistas pretendem pedir acareação entre o hacker, o ex-presidente e outros dois personagens citados no depoimento de hoje: deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira.
“A CPMI está cada vez mais chegando próximo da verdade”, explicou o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). “Delgatti trouxe passo a passo da construção golpista. O 8 de janeiro não foi somente a festa da selva.”
Já a oposição rechaçou a oitiva de Delgatti e traçou a rota em direção ao general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
“O depoimento do hacker é contraditório”, declarou o senador Marcos Rogério (PL-RO). “Inicialmente, ele fala sobre a contradição nas urnas. Depois, vem com outra informação sobre um pedido para fraudar o resultado eleitoral. Tanto é que ele ficou silencioso quando foi perguntado pela oposição. O silêncio dele diz muito. É um estelionatário.”
Em relação às quebras de sigilo do ex-presidente, o senador destacou que a investigação deve ser feita em todos os lados, mas que o pedido seria “ilegal”.
“Temos que avançar em relação ao G.Dias”, continuou Rogério. “Ele foi convocado, mas não veio ainda à CPMI. Se a comissão não quer ouvir ele, não quer investigar nada. Até agora, ele só mentiu. Queremos, na próxima semana, ter a oitiva do general Dias.”
Randolfe negou que o governo esteja impedindo a oitiva do ex-ministro, mas ressaltou que o 8 de janeiro não começou no próprio dia, mas foi fruto de ações que ocorreram antes.
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