Um relatório da Defensoria Pública do Distrito Federal, com base em depoimentos de presos do 8 de janeiro na Papuda, mostrou que o presídio não tinha um desfibrilador, tampouco cilindro de oxigênio, no momento que o vendedor Cleriston da Cunha, o Clezão, passou mal.
De acordo com o documento, obtido em primeira mão por Oeste, os presos estavam reunidos no pátio para o banho de sol, quando Clezão morreu, em razão de um mal súbito. “Contaram, ainda, que a policial penal, que tomava conta deles, entrou em desespero, por não saber como apoiar, e passou a enviar mensagens, solicitando ajuda”, diz trecho do texto. “Informaram que os próprios colegas de ala tentaram reanimá-lo, pois um deles é médico e o outro, dentista.”
Ainda segundo os relatos, Clezão só recebeu atendimento médico 40 minutos depois de não se sentir bem. Quando a equipe médica chegou, “Clezão já havia falecido”. O relatório pondera que, no dia do óbito, era ponto facultativo em Brasília, “o que levou a ter menos servidores no local que o habitual e o Geait (área da saúde do presídio) estava fechado”.
O relatório é assinado pelos defensores públicos Emmanuela Saboya, Celestino Chupel, Gabriel Fonseca e Bianca Rosière. O grupo esteve na Papuda na terça-feira 21, um dia após a morte de Clezão.
Procurada, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, responsável pela Papuda, ainda não se manifestou. O espaço segue aberto.
Situação de Clezão e outros presos
Os defensores ouviram dos detentos que as comorbidades de Clezão não eram novidade, e que o homem aparentava estar bem triste.
Além disso, segundo as pessoas ouvidas, elas também possuem enfermidades, como hemorroidas, varizes, problemas de visão, hipotireoidismo, diabetes e até mesmo covid-19.
- “O triunfo da injustiça”, reportagem publicada na Edição 182 da Revista Oeste
Uma das pessoas ouvidas relatou a situação da família, do lado de fora. Segundo a testemunha, “a mãe é idosa e está fragilizada”. “Familiar posteriormente nos disse que a mãe está depressiva, com apenas 46 quilos”, observou o relatório. “Diz depender de medicação para dormir e chegou a surtar uma vez por falta da medicação. Aguarda consulta médica. Certa vez achou que seria atendido pela médica, mas foi atendido por fisioterapeuta, que não pôde lhe medicar.”
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Vamos parar de lero, lero. Tivemos um óbito de um preso, cuja prisão era totalmente ilegal. Quem o manteve ali desrespeitando todo um arcabouço jurídico deve ser penalizado, no caso, Alexandre de Moraes.