Com o fim do primeiro ano de mandato, a agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com membros de seu gabinete registrou 86% de reuniões com ministros homens e 14% com ministras.
A proporção é ainda mais desequilibrada do que a atual composição da Esplanada dos Ministérios.
Depois de demitir duas titulares para acomodar aliados do centrão, o governo Lula terminou o ano de 2023 com 9 mulheres a frente de ministérios — 24% do total de 38.
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A Secretaria de Comunicação Social da Presidência disse ao jornal Folha de S. Paulo que não há qualquer relação entre o número de reuniões individuais realizadas pelo presidente “com as ministras mulheres e a importância dada pela atuação gestão à promoção da igualdade de gênero”.
Governo Lula com mais ministros do que ministras
A agenda oficial de Lula registrou, especialmente, reuniões no Palácio do Planalto e alguns eventos dos quais o petista participou ao lado de seus auxiliares, como no lançamento de programas.
Todos os dez ministros com quem Lula mais se reuniu são homens. Destaques para Alexandre Padilha (Relações Institucionais), com 103 encontros, Rui Costa (Casa Civil), com 78, Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), com 70, e Fernando Haddad (Fazenda), com 63.
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Já entre as mulheres, as ministras com quem o presidente mais realizou reuniões foram Esther Dweck (Gestão), com 22 encontros, Nísia Trindade (Saúde), com 20, e Simone Tebet (Planejamento), com 16.
Ministros de pautas tidas como mais importantes para a esquerda estão entre os que tiveram menos encontros com Lula, como Sonia Guajajara (Povos Indígenas), Cida Gonçalves (Mulheres), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Silvio Almeida (Diritos Humanos).
Baixa representatividade
Os ministérios com titulares mais frequentes no gabinete presidencial refletem as escolhas na composição do governo.
Com a esquerda em minoria e um Congresso mais forte do que os dois primeiros mandatos, Lula tem procurado aumentar sua base de apoio em negociações com os partidos do centrão.
Em nota, a Secretaria de Comunicação Social do governo afirma que não há relação entre o número de reuniões individuais feitas pelo presidente com as ministras mulheres e a importância dada à promoção da igualdade de gênero.
A pasta citou medidas adotadas no atual mandato, como criação da pasta das Mulheres, a lei da igualdade salarial e o parecer da Advocacia-Geral da União (AGU), assinado por Lula, que prevê demissão em casos de assédio sexual na administração pública federal.
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