A Secretaria Nacional de Justiça informou ao Itamaraty que não recebeu informação sobre as denúncias feitas pela ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF), senadora eleita. Em 8 de outubro, em uma igreja evangélica, Damares afirmou ter conhecimento de tráfico de crianças, tortura e abuso infantil na Ilha de Marajó, no Pará. Ela, contudo, não apresentou provas.
No ofício divulgado pelo G1, o procurador federal Bruno de Andrade Costa respondeu a uma solicitação do Comitê Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Conatrap), feita ao Itamaraty. O Conatrap é formado por organizações da sociedade civil que atuam no combate ao abuso infantil.
Conforme Costa, a Coordenação-Geral de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoa e Contrabando de Migrantes ele “não recebeu informações nem tem ciência sobre casos específicos de tráfico de pessoas, exploração sexual e tortura de crianças no Arquipélago de Marajó”.
Durante sua fala na igreja, a senadora eleita disse que crianças eram traficadas para o exterior e submetidas a mutilações. Damares ainda destacou que “teria imagens de crianças brasileiras que cruzam as fronteiras sequestradas”. Uma semana depois, ela explicou que ouviu os relatos nas ruas.
Em 11 de outubro, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos divulgou uma nota informando que numerosos inquéritos foram instaurados para apurar uma série de “fatos gravíssimos” praticados contra crianças e adolescentes em Marajó.
Na nota, o MDH não menciona casos específicos, como os citados por Damares no discurso, mas confirma inúmeros casos de violência sexual contra crianças e adolescentes.
Existe o relatório de uma CPI em Belém com mais de 300 páginas citando todos os detalhes e com participação de todas as autoridades do Estado.