(J. R. Guzzo, publicado no jornal Gazeta do Povo em 22 de julho de 2021)
O presidente Jair Bolsonaro, como se sabe desde que começou a assinar nomeações de peixes gordos para o seu governo, já mostrou com clareza ser muito ruim para escolher qualquer funcionário que tenha alguma coisa a ver com justiça. Mais do que errar, ele se tornou especialista na arte de repetir o erro — o que mostra, infelizmente, que não erra por acaso.
O último chute no pau da barraca foi a renomeação do Procurador-Geral da República, Augusto Aras, para mais um período no cargo que vem tratando tão mal desde que foi nomeado pela primeira vez. O problema desse Aras 2.0 não é, como se escandalizaram os crentes no estado de graça permanente do Ministério Público, o fato de não fazer parte da “lista tríplice” expedida pelos militantes sindicais do MP. O problema real está no fato de que Aras é, na data de hoje, um dos instrumentos mais eficientes para impedir o combate à corrupção que despacha dentro da máquina estatal brasileira.
Aras vem destruindo, em tudo o que faz, todo o trabalho do MP contra a ladroagem que chegou a extremos inéditos nos governos Lula-Dilma — os 13 anos e meio em que a politicalha e seus vários senhores mais roubaram na história do Brasil. Para não alongar um assunto sobre o qual até as crianças com 10 anos de idade estão suficientemente informadas, o PGR que Bolsonaro agora nomeia de novo mandou acabar, sem o menor constrangimento, com a Operação Lava Jato — enfim desfeita, de forma oficial e com toda a papelada de praxe, em fevereiro último.
Precisa dizer mais alguma coisa? O PGR de Bolsonaro, na verdade, é hoje o herói da classe política brasileira — não só de Lula e do PT, mas de todo político enrolado com o Código Penal que dá expediente entre o Oiapoque e o Chuí. Por isso mesmo, não vai se ver o senador Renan & Cia. propondo nenhuma CPI para “investigar” Augusto Aras, ou dar um pio sobre o assunto. “Precisamos estancar a sangria”, disse o ex-senador Romero Jucá, em momento realmente histórico da política brasileira, durante o governo Michel Temer. Pois foi isso, exatamente, que Aras fez: estancou a sangria.
Poucas vezes um mandarim da política de Brasília resumiu tão bem, como Jucá, os sentimentos verdadeiros dos seus pares. E poucas vezes um PGR fez com tanta perfeição o trabalho que os políticos brasileiros realmente esperavam dele. É por essa razão, e nenhuma outra, que os fugitivos da lei penal ficam tão quietinhos quando o assunto é PGR. Os mais excitados ativistas em favor da “democracia”, e contra o genocida de direita, jamais deram um pio neste assunto. O genocida, aí, vira um grande homem.
Aras piorou notavelmente o seu desastre ao congelar investigações sobre o filho do presidente e calar-se sobre as violências grosseiras que o STF vem fazendo em seu “inquérito contra os atos antidemocráticos” — e as suas agressivas intervenções nas áreas de competência dos outros poderes. Cala-se, consente e está mantido no cargo. “Governabilidade” deve ser isso aí.
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guzzo esta cego por ter chegado muito perto da luz…
SENHOR GUZZO VOCÊ ESTÁ COMENDO MOSCA. BOLSONARO ESTÁ CONSOLIDANDO SUA BASE E AFASTANDO O PT DO PODER. PRESTA ATENÇÃO MEU FILHO.
APRENDA ESTRATÉGIA POLÍTICA COM O HOMEM.
Sr Guzzo, quem sepultou a Lava-Jato foi o Supremo Tribunal. O senhor muito bem sabe disso.
O STF agiu com tal agressividade no Pleno, nas Turmas e nos bastidores, a ponto de fazer Moro jurar de pé junto em cadeia nacional que PT e o Capo de Tutti Capi foram exemplos de respeito à democracia. Medo?
Acho que isso explica a exacerbada preocupação do ex-magistrado com sua “biografia”, a despeito dos interesses do Brasil.
Isolou-se, fortalecendo quem e o que combatera.
Faltou leitura estratégica. Sobrou preocupação com “biografia”.
Caro J.R. Guzzo, concordo em muitas partes. Embora seja simpático à equipe inicial de governo, o presidente não poderia ter sepultado a lava-jato. Investigações são necessárias e para isso, o apoio da alta gestão é essencial.
Infelizmente o Moro saiu atirando, não posso dar razão a isso. No entanto, o presidente poderia (na minha humilde opinião, deveria) tê-lo indicado para assumir cargo no STF. Pior que o indicado não seria… e certamente seria um nome que causaria repulsa aos atuais membros que desonram o STF e aumentaria a pressão popular pela alteração da composição desse órgão podre. Isso sim, teria sido uma jogada de mestre.
Aras sepultador da lava jato
Discordo totalmente do Guzzo. Lembre-se do Rodrigo Janot. Não preciso dizer mais nada.
Mestre Guzzo, com todo respeito, discordo de você . Nem sempre as coisas saem da forma que queremos. Acho que esse é o custo para alcançarmos o objetivo de evitar que a esquerda volte ao poder ! Tem momentos que as opções são o péssimo e o ruim !
São 40 anos de aparelhamento de forma criminosa. Hoje começa aparecer essa escoria. Não existe possibilidade de agir de outra forma, o PR Bolsonaroé um grande estrategista e sabe o que esta fazendo. Vamos apoia-lo.
Prezado Guzzo: para mim o senhor é o expoente do jornalismo sério, honesto e dirigido pelos fatos. Sua crítica tem sentido. É uma crítica construtiva e não aquela(s) aos moldes da grande imprensa fajuta. Acho que o senhor deveria – e tem estatura para tal – solicitar uma entrevista com o Presidente. Ele não vai recusar e o senhor poderia perguntar-lhe diretamente sobre questões relevantes de fato. Bolsonaro sendo entrevistado por Guzzo. Seria importante e ótimo.
O Brasil, enexoravelmente, não é pra amador e nem a imprensa brasileira.
Se seguir o Guzzo acaba como o Jânio. Em Brasília o jogo é bruto. Não gosto mas é assim.
Nós vemos e somente a ponta do ice berg, se não nomear quem o centrão quer, toma impeachment.
Não significa que eu concorde com a nomeação, mas que eu reconheço que podem haver bons motivos para ela acontecer.
Não acho que seja tão simples assim, a impressão é que tem mais coisa nessa história que nós nunca vamos saber. Não adianta o presidente jogar bonitinho pra galera e se arrebentar lá na frente.
Isso é o que você acha, senhor articulista. A verdade das coisas só sabe quem está lá dentro!
Caro J.R. Guzzo, como diz o ditado: contra fatos não há argumentos. A Operação Lava Jato foi sepultada após a eleição de Bolsonaro. Algumas nomeações do Presidente são bastante discutíveis mas nada fora da regra, afinal, é direito dele fazê-las, no entanto, as consequências estão aí, só não vê quem não quer.
bastantes*
*bastante mesmo! Kkk
GUZZO, VOCÊ JÁ FOI MELHOR. QUER QUE BOLSONARO JOGUE CERTINHO COM ESSE CONGRESSO E ESSE STF ?