A esquerda não quis a federalização das investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco em 2020. Na época, Jair Bolsonaro era o presidente da República e os ativistas acreditavam que ele poderia interferir nas investigações.
Com a prisão de três suspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle, neste domingo, 24, a esquerda tem acusado o ex-presidente Bolsonaro e o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro de serem ineficientes nas investigações.
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A exemplo, o vereador de Niterói Professor Tulio (Psol), mesmo partido de Marielle, publicou recentemente nas redes sociais questionando o porquê o caso não avançou durante o governo Bolsonaro.
“Por que a Polícia Federal (PF) chefiada por Moro e Bolsonaro não conseguiu solucionar o caso Marielle?”, escreveu. Anos antes, em maio de 2020, ele defendeu que o caso não fosse federalizado. “Não há justificativa legal para isso”.
A postagem foi checada pela comunidade do Twitter/X, que explicou que a PF não estava encarregada de investigar e solucionar o caso durante o governo Bolsonaro, como acusa o vereador.
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar de Lula, Paulo Teixeira (PT), também divulgou a indagação que distorce a realidade. “Por que será que o crime que matou Marielle e Anderson não foi esclarecido no governo Bolsonaro?”, escreveu no Twitter/X.
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Porém, em 2020, o hoje ministro, e então deputado federal por São Paulo, também foi contra que a PF investigasse o caso durante o governo Bolsonaro. Com isso, a medida manteve na esfera estadual. Há quatro anos, o petista ainda chegou a acusar diretamente o então ministro da Justiça. Ele afirmou que Moro poderia obstruir o caso.
“A estratégia do Bolsonaro é federalizar a investigação do crime cometido contra Marielle para ficar sob o controle do Sergio Moro”, disse Teixeira em 2020. “Assim, Moro vai passar pano no assunto.”
Família de Marielle fez campanha contra a federalização
Em 2020, a família de Marielle Franco encabeçou uma campanha para que o caso não fosse repassado para a PF, ou seja, permanecesse sob cuidados da Polícia Civil fluminense. De acordo com o portal UOL, eles temiam que, caso a investigação saísse do Rio de Janeiro, poderia haver interferência de Bolsonaro e família. O ex-candidato a governador do Rio de Janeiro Marcelo Freixo (PT) também participou da campanha.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) realizou um julgamento em maio de 2020 e rejeitou o pedido de federalização das investigações do Caso Marielle. Os ministros do STJ negaram a solicitação por unanimidade, foram 8 votos contra 0. A relatora do caso foi a ministra Laurita Vaz.
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O pedido para que a Polícia Federal investigasse o caso ocorreu em 2019, pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Ela dizia que as autoridades do Rio de Janeiro não estavam avançando nas investigações.
Com a decisão do STJ, o caso foi investigado pela Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, como ocorre com todo crime na esfera municipal ou estadual. A PF tem competência para investigar apenas crimes relacionados à Justiça Federal.
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O caso começou a ter atuação da PF apenas em 2023, já durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em fevereiro do ano passado, o então ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou que a corporação iria abrir um inquérito sobre o caso para ampliar a colaboração federal no Caso Marielle.
O próprio Ministério da Justiça emitiu uma nota em que lembrava que seria a primeira vez que a Polícia Federal iria entrar na investigação do caso. A investigação focaria em suspeitas de que uma organização criminosa estaria atuando para atrapalhar as investigações do assassinato da vereadora.
Agora, contudo, parte da esquerda reclama de a PF não ter investigado o caso antes.
Essa é a consequência do FOGO AMIGO.
Quebraram a cara.