O deputado estadual Fernando Cury (Cidadania) passa a ser formalmente um denunciado por assédio sexual perante os olhos da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Na manhã desta quarta-feira, 10, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do órgão acatou a denúncia feita pela deputada estadual Isa Penna (Psol) e, assim, abriu processo de cassação de mandato. Conforme registrou Oeste em dezembro de 2020, Cury foi flagrado abraçando a colega e tentando permanecer rente às costas dela. O ato foi gravado por câmera da Casa legislativa.
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No Conselho de Ética, a derrota de Cury se deu por unanimidade. Os dez deputados votaram pela aceitação da denúncia. Com isso, testemunhas serão convocadas. De acordo com as regras da Alesp e do Poder Jurídico brasileiro, será necessário contar com testemunhas dos dois lados: favoráveis e contrárias ao político. Depois de colhidos os depoimentos, caberá ao Conselho de Ética da Alesp elaborar relatório sobre o tema e indicar se o membro do Cidadania deve ou não ser cassado. Até lá, Cury seguirá normalmente com suas atividades parlamentares, podendo participar de comissões e votações.
A situação de Fernando Cury só terá desfecho com a votação do tema pelo plenário da Alesp. Se a maioria qualificada da Casa entender que ele assediou sexualmente Isa Penna e, assim, quebrou o decoro parlamentar, Cury perderá o mandato. Caso contrário, o processo será arquivado e ele seguirá como deputado estadual de São Paulo.
Defesa
Responsável pela defesa de Fernando Cury diante do Conselho de Ética da Alesp, o advogado Roberto Delmanto tentou impedir que Erica Malunguinho (Psol) pudesse votar, pois ela já teria anunciado que votaria contra seu cliente. “É a mesma coisa que um juiz afirmar que o réu é culpado antes de seu julgamento”, argumentou. Entretanto, o pedido não foi aceito e a deputada socialista ajudou a construir o entendimento unânime contra a postura adotada por Cury no episódio.
Na mira do partido
O processo na Alesp não é o único problema para Cury. Desde o caso, ele entrou na mira de seu partido. Em comunicado divulgado ainda em dezembro, a executiva nacional do Cidadania anunciou o afastamento do político. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), por sua vez, defendeu a sumária cassação do mandato do deputado estadual.