A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Americanas vai ouvir nesta terça-feira o ex-presidente da empresa Sergio Rial e a ex-superintendente de Controladoria Flávia Carneiro. Rial foi convidado para depor na condição de testemunha, e Flávia foi convocada.
Rial foi o executivo responsável pela companhia por apenas nove dias e renunciou ao cargo em 11 de janeiro. Foi nessa data que a empresa anunciou inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões. Uma semana depois, em 19 de janeiro, a companhia pediu recuperação judicial, aceita pela Justiça do Rio de Janeiro.
A companhia somente admitiu a fraude em 13 de junho, depois de uma auditoria interna demonstrar, com documentos, especialmente e-mails da antiga diretoria, situações de má-fé no gerenciamento da empresa.
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Em depoimento à CPI da Americanas, o atual presidente da varejista, Leonardo Coelho Pereira, além de admitir as fraudes cometidas pela gestão anterior, também sugeriu o envolvimento de bancos e das empresas de auditoria, que teriam sido coniventes para maquiar os números da companhia.
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O presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Barroso, também afirmou aos deputados da CPI que há evidências de fraudes. “Não podemos tirar conclusões precipitadas, mas as evidências caminham para a existência de um arrojado esquema fraudulento para inflar e falsear números e resultados contábeis.”
Já os auditores independentes responsáveis por monitorar a contabilidade da empresa disseram que foram “vítimas” de fraude na gestão da Americanas e negaram qualquer envolvimento em situações irregulares.
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Ex-diretora da Americanas fez acordo de delação premiada
Segundo o jornal O Globo, Flávia Carneiro, convocada para depor na CPI, fez acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) na semana passada. Além de ter sido superintendente de controladoria da Americanas, Flávia fez parte da B2W, braço digital da varejista. Em fevereiro, ela foi afastada de suas funções e depois demitida da Americanas.
A ex-diretora já conseguiu, no Supremo Tribunal Federal (STF), um habeas corpus que lhe garante o direito de se manter em silêncio na CPI sobre fatos que possam incriminá-la. “Na eventualidade de descumprimento de qualquer determinação da ordem ora concedida, fica assegurado à paciente o direito de fazer cessar sua participação no ato, sem que isso lhe acarrete qualquer medida restritiva de direitos ou privativa de liberdade”, afirmou o ministro Luiz Fux.
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O requerimento para a oitiva de Rial e Flávia é de autoria do deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), relator da CPI. Ele afirmou que o depoimento deles “é essencial para o esclarecimento dos fatos ocorridos e para o bom andamento dos trabalhos desta comissão”.