O senador Rogério Carvalho (PT-SE) foi indicado, nesta quarta-feira, 21, pelo presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem, senador Omar Aziz (PSD-AM), como relator do colegiado. A informação foi antecipada por Oeste em dezembro de 2023.
“Para que a gente possa ter uma investigação totalmente isenta de pessoas ligadas a Alagoas, eu vou indicar o senador Rogério Carvalho [como relator]“, disse Aziz. “Peço ao senador Renan Calheiros que possa entender essa minha posição, que não é isolada minha, sei na sua preocupação do seu Estado, sei muito bem que, vossa excelência tem todo desejo de investigar a fundo e deve contribuir com essa CPI, como membro e sei que vossa excelência e muito inteligente para fazer esse trabalho.”
Os trabalhos opõem dois aliados do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL), autor do requerimento da CPI. O colegiado também enfrenta resistência na ala governista.
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Mais cedo, a reunião do colegiado foi adiada, justamente, por não ter acordo sobre o nome do relator do colegiado.
O colegiado pretende investigar a Braskem, que foi a responsável pela extração de sal-gema de mina que ameaça desabar em Maceió, capital de Alagoas. A comissão pode tornar alvo o prefeito da cidade, João Henrique Caldas (PL), que pretende tentar a reeleição neste ano e é inimigo político de Renan.
Desde a instalação da CPI da Braskem, Renan se movimentava para ser o relator da comissão. Contudo, a ideia é que os trabalhos não fiquem restritos ao Estado.
Em diversas ocasiões, o senador Rodrigo Cunha (Podemos), também de Alagoas e membro, criticou a possibilidade de Renan relatar a CPI e apontou a suspensão do parlamentar. Conforme Cunha, Renan na relatoria seria confundir a figura de investigado com investigador, uma vez que o senador foi presidente da empresa Salgema entre 1993 e 1994.
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Em 1996, a empresa passou a se chamar Trikem e, em 2002, se tornou a Braskem. Além disso, o atual ministro dos Transportes, Renan Filho, foi governador de Alagoas por dois mandatos. O ministro é filho de Renan Calheiros.
Apesar de o presidente decidir a pauta das sessões, é o relator quem define a linha de investigação. Desse modo, o relator da CPI da Braskem acumulará um poder maior nas mãos.
Governo não queria CPI da Braskem
A ideia do governo era apresentar alguma alternativa à instalação do colegiado. O governo Lula tem receio de que as investigações da comissão atinjam a Petrobras e a Novodor, antiga Odebrecht. Ambas as estatais possuem grande parte das ações da Braskem. O governo também tenta vender a Braskem, e a CPI pode dificultar a transação.
Durante a coleta de assinaturas para a criação da CPI, inclusive, Wagner orientou a bancada a não assinar o requerimento da comissão. Apenas o senador Paulo Paim (PT-RS) assinou o documento.
O PT também demorou a indicar os nomes ao colegiado e oficializou as indicações de Rogério Carvalho (SE), como titular, e Fabiano Contarato (SE), líder da sigla no Senado, como suplente, apenas em 11 de dezembro, dois dias antes da instalação do colegiado.
Membros da CPI da Braskem
Ao todo, a CPI possui 11 titulares e sete suplentes. Os titulares são: Renan Calheiros, Rodrigo Cunha, Rogério Carvalho, Dr, Hiran, Efraim Filho (União Brasil-PB), Cid Gomes (PSB-CE), Omar Aziz, Jorge Kajuru, Otto Alencar, Wellington Fagundes e Eduardo Gomes.
Já os suplentes são: Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG), Magno Malta (PL-ES), Angelo Coronel (PSD-BA), Fabiano Contarato, Fernando Farias (MDB-AL), Jayme Campos (União Brasil-MT) e Soraya Thronicke (União Brasil-MS).