O pedido para a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar denúncias de crimes cometidos contra crianças e adolescentes na Ilha de Marajó não está tendo o apoio necessário na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa). Pela falta de assinaturas, o colegiado não deve vingar.
Denúncias sobre abuso sexual, pedofilia e outros crimes em Marajó têm sido feitas há mais de 15 anos, sendo citadas, inclusive, na CPI da Pedofilia de 2008, no Senado Federal. A comissão foi presidida pelo senador Magno Malta (PL-ES).
Recentemente, os fatos voltaram a receber atenção depois de a cantora Aymeê falar sobre a situação no arquipélago durante performance da música Evangelho de Fariseus, no programa Dom Reality, em 16 de fevereiro. A atração é transmitida no YouTube.
“O Marajó é uma ilha próxima de Belém, onde eu moro, e lá tem muito tráfico de órgãos, é normal isso”, disse Aymeê, depois de performar no Dom Reality. “Tem pedofilia em nível hard, lá é muito turístico, e as famílias lá são muito carentes, as criancinhas de 6 e 7 anos saem numa canoa e se prostituem no barco por R$ 5.”
Paralelamente, denúncias feitas pelo Instituto Akachi, grupo de missionários evangélicos que atuam na região de Marajó, viralizaram junto do relato de Aymeê. Consequentemente, o assunto ganhou notoriedade e atenção de celebridades e influenciadores digitais.
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Apesar da repercussão, a maioria dos deputados estaduais do Pará não tem se mostrado interessada em acatar a ideia da implantação da CPI. Fontes próximas a funcionários da Alepa relataram que até esta segunda-feira, 4, apenas nove dos 41 deputados estaduais assinaram o protocolo para instauração da comissão.
Os deputados estaduais que se manifestaram a favor da instauração da CPI foram Rogério Barra (PL), Toni Cunha (PL), Neil (PL), Wescley Tomaz (Avante), Thiago Araújo (Cidadania), Aveilton Souza (PSD), Bob Fllay (PRD), Erick Monteiro (PSDB) e Fábio Figueiras (PSB).
A Assembleia Legislativa do Pará tem uma ampla bancada de apoio ao governador Helder Barbalho (MDB).
O deputado Josué Paiva (Republicanos) também havia assinado o pedido da CPI, porém, horas depois, encaminhou um ofício ao deputado Toni Cunha em que solicita a retirada de seu apoio. No documento, Paiva afirmou que seu partido “decidiu participar de outro pedido da matéria”. O fato chamou a atenção da comunidade local e resultou em duras críticas ao deputado.
Alepa está indo em contramão da mobilização nacional pela CPI da Ilha de Marajó
A negativa dos deputados da Alepa é um contraponto à movimentação do Congresso Nacional e do Senado Federal para investigar os casos de violência. No Congresso, o pedido de CPI para investigar as denúncias de pedofilia na Ilha de Marajó já conta com quase cem assinaturas. Para que o pedido seja formalizado, são necessárias, no mínimo, 171 assinaturas.
Em nota, o líder do Partido Liberal (PL) na Alepa, deputado Rogério Barra, disse que os parlamentares que apoiaram a instauração da CPI vão continuar denunciando os casos.
“As denúncias de tráfico de pessoas, pedofilia e outros crimes deploráveis são sérias; o irônico dessa situação é que o Brasil, por meio do Congresso, deve formalizar a CPI para investigar os casos”, disse Barra, em comunicado. “E aqui do Pará, diante da negligência de deputados da base de apoio do governo, nós continuaremos denunciando os casos e observando os problemas do poder público, que não consegue atender dignamente a população da Ilha de Marajó.”
Na terça-feira 27, o deputado federal Zé Trovão (PL-SC) apresentou um requerimento em que pede ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a realização de uma Comissão Geral no plenário da Casa. O parlamentar do Partido Liberal de Santa Catarina quer discutir as denúncias de abuso de sexual infantil na Ilha de Marajó.
Leia mais em: “Deputado pede a Lira Comissão Geral no plenário sobre Ilha de Marajó”
Em 28 de fevereiro, Magno Malta falou sobre as denúncias durante pronunciamento no Senado. Ele propôs a instalação de uma nova CPI para apurar a situação. Durante a semana, o assunto deve ser retomado tanto no Congresso Nacional.
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Não é necessário ser vidente para se desconfiar que existe gente “importante” neste bagulho…
Desde a época em que a Damares fez a denuncia ficou evidente a obstrução por parte de gente grande.
E os artistas e outros militantes de esquerda correram para atacar a denunciante sem sequer procurar saber dos fatos.
Esse é mais um dos fatos apresentados no governo anterior que estão sendo confirmados.
A verdade aparecendo.
Quem não quer CPI deve ter culpa no cartório.