O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), destinou cerca de R$ 15 milhões em emendas parlamentares ao programa Mais Visão. O congressista criou a iniciativa em 2019, e o governo do Amapá a geriu. O jornal Folha de S.Paulo divulgou as informações.
A verba foi destinada ao projeto administrado por uma organização não governamental (ONG) com vínculos diretos com um assessor de Alcolumbre.
A entidade escolhida pelo Estado para executar o programa é o Centro de Promoção Humana Frei Daniel de Samarate, conhecido como Capuchinhos.
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Maria Ivanete Campos Mendes é coordenadora da ONG sediada em Macapá. Ela ocupa o cargo há pelo menos oito anos.
Além disso, Maria Ivanete é mãe de Pedro Jorge Delgado, apresentado como filho por Jardel Adailton Souza Nunes, assessor de Alcolumbre desde 2019. Dados do Senado informam que o assessor recebe um salário de R$ 29,4 mil.
Por meio de suas redes sociais, Jardel compartilha imagens de projetos realizados pelo Capuchinhos e por Alcolumbre. Ele também publica referências a Pedro Jorge em datas comemorativas.
“Hoje, este jovem bonito igual o pai está dando mais uma volta em torno do sol”, diz a legenda de uma das fotos postada por Jardel. “Papai do céu continue lhe abençoando, meu filho, e lhe mantendo firmo nos seus propósitos. Papai lhe ama muito e lhe deseja muita saúde, paz e felicidade.”
Em outra imagem, compartilhada por Pedro Jorge, Jardel e Maria Ivanete aparecem juntos, com o seguinte comentário: “Eu, pai e mãe”. A foto reforça a proximidade entre os envolvidos nas ações do programa Mais Visão.
Em resposta às alegações, Alcolumbre disse que a relação entre o seu assessor e Maria Ivanete não configura um conflito de interesses. O presidente do Senado destaca que o programa foi desenvolvido para beneficiar a população do Amapá.
Programa de Alcolumbre apresentou complicações em 2023
O Mais Visão, que oferece tratamento oftalmológico à população do Amapá, teve complicações em 2023. Pacientes sofreram infecções graves durante um mutirão de cirurgias, levando à suspensão do programa.
Até agosto de 2023, a ONG classificava sua atividade principal como “organização religiosa ou filosófica”. Contudo, no mesmo mês, a entidade alterou o cadastro para “atividade médica ambulatorial com recursos para a realização de produtos cirúrgicos”.
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Em outubro de 2024, o Ministério Público Federal iniciou um inquérito para investigar possíveis improbidades administrativas na contratação dos Capuchinhos e na subcontratação de empresas particulares pelo Mais Visão.
A Secretaria de Comunicação do Governo do Amapá justifica que a contratação da entidade ocorreu devido aos serviços relevantes prestados.